O deputado federal Carlos Veras, um dos nomes que se apresentaram para compor a vice de João Campos, pelo PT, criticou os aliados no Recife e deu declarações que podem ser interpretadas como ameaças ao prefeito João Campos de abandono do grupo de Humberto Costa do palanque do socialista, caso se confirme a troca do secretário de Habitação do Recife Ermes Costa pelo secretário executivo da pasta, Felipe Cury, por indicação do diretório do Recife.
No Recife, os possíveis nomes do PT para a vice de João Campos são o deputado federal Carlos Veras e o ex-vereador e secretário ministerial Mozart Sales.
Veras é ligado ao grupo de Humberto Costa.
Sales é ligado ao grupo da senadora Teresa Leitão.
A mesma correlação de forças se estabeleceu no preenchimento da secretaria, com Ermes Costa indicado por Humberto Costa e Felipe Cury por Teresa Leitão.
A decisão do diretório municipal em sugerir o afastamento de Ermes Costa, na sexta-feira, acaba deixando João Campos em uma situação desconfortável, em ter que arbitrar uma divisão interna do partido.
A menos que Carlos Veras não fala pelo senador Humberto Costa. “O prefeito João Campos tem a inquestionável prerrogativa de escolher o seu secretariado, compreendendo que se ceder às pressões do DM-Recife estará automaticamente impossibilitando a participação do campo político composto pelo senador Humberto Costa, por mim, pelos três estaduais e pelos dois vereadores do Recife.
Em resumo, cabe ao prefeito João Campos decidir se quer ou não a nossa participação em seu governo”, afirmou Carlos Veras, em entrevista para o jornal Folha de Pernambuco. “Quanto a nós, não almejamos participar de nenhum espaço que não nos queira, que não nos caiba.
Só estaremos na gestão municipal do Recife se nos couber.
Caso contrário, a gente continuará fazendo a militância do PT para contribuir com uma vida digna e próspera para o povo recifense independentemente de estarmos ou não dentro do governo municipal”.
O objetivo do PSB seria formar uma chapa puro sangue no Recife: deixar a prefeitura para um representante do próprio partido quando se candidatar ao governo do estado, em 2026.
João Campos filiou quatro secretários de sua primeira linhagem nas últimas semanas, o que abriu espaço para novos nomes na disputa pelo cargo e uma possível retirada do PT da jogada.
Ermes Costa se declarou surpreso e pediu ajuda dos padrinhos A mudança começou a tomar forma na quarta-feira, em reuniões internas do partido, com voto favorável até mesmo da tendência de Humberto Costa, a quem Ermes Costa é ligado.
No entanto, desde a metade do mês já se falava nos bastidores da PCR que o nome dele estava para ser substituído.
Ermes Costa manifestou-se com surpresa, em informe ao blog. “Estou surpreso.
Não fui procurado, não fui convocado e não fui informado da decisão do diretório municipal”, afirmou Ermes Costa, em contato com o blog de Jamildo. “Continuo trabalhando normalmente, tocando os diversos projetos para o município do Recife e aguardando a orientação das minhas lideranças políticas”. “Estou no cargo de secretário do Recife, pelo convite do prefeito João Campos e a indicação do meu grupo político que possui como lideranças o senador Humberto Costa, o deputado federal Carlos Veras, a deputada estadual Rosa Amorim, os deputados estaduais Doriel Barros e João Paulo, a vereadora do Recife Liana Cirne e o vereador do Recife Jairo Brito”, pontuou.
Alguns desgastes Entre os desgastes internos, houve a polêmica em torno do edifício Holiday, em Boa Viagem, que a Justiça havia decidido leiloar.
Em um post do blog de Jamildo, Ermes Costa defendeu que a Caixa Econômica fosse acionada e ajuda-se a promover moradia popular com financiamento público.
Ermes Costa tenta solução junto ao Governo Lula para que moradores voltem ao edifício Holiday No começo de abril, quando assumiu interinamente a Prefeitura do Recife, em uma viagem do prefeito João Campos, o presidente do TJPE Ricardo Paes Barreto defendeu pessoalmente o leilão, marcado para o próximo mês de maio.
Em comunicado oficial, o presidente do TJPE informou que vinha demonstrando grande empenho em resolver o impasse do edifício, além de, diariamente, conversar com o juiz que está à frente do processo, Marcos Garcez, para acompanhar os desdobramentos. “As pessoas que moravam no local estavam sofrendo com essa situação há mais de cinco anos.
Eles merecem pelo menos uma indenização e o juiz Marcos Garcez, que é muito capacitado, foi sensível e definiu o período em que o leilão deverá ser realizado.
Esperamos que aquele prédio possa ser alienado por um preço razoável, e com o dinheiro arrecadado, as famílias já cadastradas, que estão desamparadas, recebam suas indenizações.
Foram mais de 100 famílias desalojadas, indiretamente muito mais que esse quantitativo", concluiu.
Além deste episódio, Ermes Costa acabou gerando arestas internas no partido e com João Campos depois de anunciar uma visita de Lula para inauguação de habitacional no Recife, mas que acabou gerando protesto dos beneficiários, em função da demora na entrega.
Na semana passada, a expectativa era que o novo nome fosse oficializado na sexta-feira pelo prefeito João Campos.
Com a polêmica tornando-se pública, está em banho maria.