O líder da oposição na Câmara do Recife, o vereador Alcides Cardoso (PL) apresentou, em discurso na reunião ordinária desta segunda-feira (29), uma nota técnica, produzida pelo seu gabinete, com a prestação de contas do valor gasto pela Prefeitura do Recife na realização do Carnaval deste ano.
Segundo o material, foram gastos R$ 99,7 milhões com a festa carnavalesca, sendo R$ 96,2 milhões bancados pelos cofres do município e R$ 3,5 milhões custeados por patrocínios.
Com os cachês dos artistas, foram gastos R$ 57,2 milhões.
O segundo maior recurso pago foi a propaganda da festa: R$ 13,1 milhões.
De locação de mão de obra temporária (diárias), foram dispendidos R$ 3,0 milhões, enquanto o aluguel dos equipamentos de som gerou a despesa de R$ 4,8 milhões e a montagem da Central do Carnaval custou R$ 3,4 milhões.
O custo total é 162% maior do que o Carnaval de 2023, quando foram gastos R$ 38 milhões. “A gestão do prefeito João Campos não foi transparente e precisou de um vereador passar dois meses e meio, no caso do meu mandato, juntando peças para que a sociedade tivesse conhecimento de algo que deveria ser público e transparente desde sempre.
Antes que venham com uma narrativa falsa baseada na movimentação econômica para justificar o custo da festa, é preciso ressaltar que a resposta econômica que a cidade teve, que é muito importante, foi semelhante às edições dos últimos anos.
Portanto, não se sustenta esse argumento.
O que mudou é que temos eleição neste ano e vimos bem como a festa foi instrumentalizada”, afirmou Alcides Cardoso.
Na nota técnica, o líder da oposição cobra transparência sobre os valores arrecadados para o patrocínio do Carnaval e o próprio custo da contratação da empresa responsável pela captação desses patrocínios, a Trend Show Promoções e Eventos Ltda. “Os dados ainda não foram informados pela administração municipal, é um fato que afronta a peça contratual, que vislumbra prestação de contas após 30 dias da realização do evento”.
De acordo com o gabinete, por meio de respostas de pedidos de acesso à informação anteriores, a administração respondeu que oito apresentações artísticas foram pagas diretamente pelos patrocinadores.
Direita preocupada com desigualdade “O Carnaval é um patrimônio da nossa cidade e deve ter investimento público sim, mas não pode ser encarado da forma como fizeram esse ano, sem limites, pois vivemos na capital que é a segunda mais desigual do Brasil, repleta de mazelas. É óbvio que sou a favor do apoio e investimento da Prefeitura para a realização da festa, mas ela não pode ignorar o bom senso e gastar de forma desenfreada o dinheiro do pagador de impostos recifense”, opinou. “Esse nosso material será encaminhado aos órgãos de controle porque escancara mais uma vez a má utilização dos recursos públicos e a inversão de prioridades da gestão municipal.
E reforçamos esse ponto com os comparativos do orçamento e execução de áreas prioritárias”, disse o líder oposicionista.
Comparação com saúde O vereador disse ainda que, enquanto a gestão do prefeito João Campos gastou quase R$ 100 milhões no Carnaval, executou R$ 59,9 milhões dos R$ 703,5 milhões do orçamento da atenção básica da rede municipal de saúde para este ano. “O comparativo com as ações de urbanização é ainda pior.
De um orçamento de R$ 320,8 milhões neste ano, a Prefeitura só investiu R$ 8,9 milhões.
O valor com a festa carnavalesca é 438 vezes maior que o executado na construção de habitacionais, que conta com um orçamento modesto de R$ 25,04 milhões, e que foi executado apenas R$ 227,1 mil”, comparou.