O tema foi trazido à tona em audiência pública promovida pelo vereador Paulo Muniz (PL) na Câmara Municipal do Recife, para questionar as ações da prefeitura do Recife neste ano eleitoral.
Oficialmente, o objetivo da reunião era o de promover uma análise dos resultados do Centro POP, que está prestes a completar seu primeiro ano de funcionamento.
Inaugurado em maio de 2023, o Centro POP José Pedro de Lima Filho, criado com o objetivo de oferecer serviços básicos de cidadania, como banhos e refeições, para a população em situação de rua, instalado pela PCR na Rua Sargento Waldir Correia, nº 247, no bairro de Boa Viagem, têm sido alvo de críticas dos moradores do entorno.
Eles reclamaram da falta de consulta sobre o impacto que o equipamento causaria, falta de segurança, aumento de intercorrências e desvalorização dos imóveis da região.
O vereador destacou que, apesar de convidadas para a audiência, nem a Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas (SDSDHJPD), nem a pasta de Controle Urbano, ambas da Prefeitura da cidade do Recife, enviaram representantes. “Dessa forma, não foi possível obter informações sobre a quantidade de atendimentos e encaminhamentos realizados na unidade José Pedro de Lima Filho”.
Na audiência, participaram do debate Marília Sousa, fundadora da página Boa Viagem em Foco, o subcomandante do 19º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco, Diogo Racticliff; amoradora de Boa Viagem Márcia Lemos, além do representante do Movimento Nacional da População de Rua, André de Souza.
Os moradores do bairro levaram cartazes e faixas abordando a suposta falta de diálogo da Prefeitura, o medo da instalação de uma “Cracolândia” na região e apresentaram fotos da situação que fica a Rua Sargento Waldir Correia, com constantes brigas, uso de drogas e furtos.
No evento, o subcomandante da Polícia Militar deu aval às informações dos moradores. “O certo é que, desde que o Centro Pop foi instalado, aumentaram os números de reclamações e os pedidos de policiamento na localidade”, afirmou.
Racticliff defendeu que seria benéfico o trabalho em parceria com a Guarda Municipal do Recife para compor a segurança da região.
Vizinhos indesejáveis O Movimento Nacional da População de Rua, representado por André de Souza, defendeu a importância dos equipamentos do Centro POP. “Tive parte da minha trajetória de rua, em outra condição, um pouco melhorada, e ainda estamos aqui discutindo políticas públicas.
Está melhorando, peço paciência da população de Setúbal que pede ajuda”, disse.
Francisco Cássio Matias Ferreira, outro participante do movimento, contestou as informações sobre o aumento da violência.
Ele disse que as reclamações dos moradores de Setúbal fazem parte da tentativa de retirar o Centro Pop da localidade. “No passado, já quiseram tirar o Programa Atitude e agora estão implicando com o Centro Pop.
Eles dizem que aumentou o número de violência, de roubo, que os moradores transam na rua.
Mas a gente entende que os problemas de segurança pública não são um problema causado pelos usuários”, disse.
Márcia Lemos, moradora da vizinhança do equipamento, disse que em nenhum momento se exigiu o fechamento do Centro POP. “A gente não está aqui para fechar Centro POP, a gente está aqui para escutar os resultados do Centro POP de Boa Viagem e a prefeitura não se fez presente.
As falas aqui apresentadas nos colocam como contra a população em situação de rua.
Mas, nós não somos e vocês não vão colocar essas palavras nas nossas bocas”, afirmou. “A sensação passada foi a de “perda de tempo”, mas a luta dos residentes da Rua Sargento Waldir Correia irá continuar.
A violência foi potencializada, nós temos esses dados e vamos continuar a lutar porque nós também temos esse direito”, disse.
O vereador Paulo Muniz (PL) lamentou a ausência de representantes da prefeitura, mas disse que a audiência foi importante, porque colocou em diálogo o Movimento População de Rua de Pernambuco com os moradores da região do Centro POP e sugeriu a criação de um grupo de trabalho para buscar soluções para os questionamentos levantados por ambas as partes à fim de cobrarem em união o retorno do poder público.
Promessa de mais rondas da PM No final, o subcomandante do 19º Batalhão da Polícia Militar disse acreditar que a reunião foi positiva. “Não vamos sair daqui com a resolução que se achava necessária, mas o que quero dizer para os dois lados é que é assim que se resolvem os problemas.
Não é atacando, não é acusando.
Eu não vi pedido de fechamento nenhum.
Todos com ideias diferentes, mas com o mesmo foco de melhorar o atendimento humanizado.
Falando à respeito da PM, nos comprometemos a fazer mais rondas para diminuir atos criminosos de quem quer que seja”, disse.