Por José Alves Trigo, em artigo enviado ao blog A pesquisa Dataquest divulgada este mês mostra que há um equilíbrio na popularidade do governo Lula.
Para o governo, isto é bom e ruim.
Bom, pois mostra que não houve um declínio, mas ruim porque não avançou.
Não declinou porque a economia manteve-se estável e até deu mostras de avanço na macroeconomia.
Dados do FMI projetam que avançamos no cenário global.
Porém, na microeconomia, que é o dia a dia, há poucas mudanças visíveis para o cidadão comum.
Falta ao governo Lula uma marca de sua gestão, algo que faça a diferença, como foi o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
Diante desse cenário, começam a ser traçados eventuais panoramas para as eleições de 2026.
Com o governo Lula estabilizado em uma margem regular de popularidade, abrem-se espaços para que a oposição possa avançar.
Antes de considerarmos as opções estaduais, dos governadores, é preciso avaliar dois aspectos.
O primeiro é de que no Brasil a história tem mostrado que é difícil um presidente não se reeleger.
Bolsonaro esteve muito perto disso e só não conseguiu devido a uma sucessão de erros estratégicos e pontuais, como os tiros disparados por Roberto Jefferson e Carla Zambelli.
O segundo aspecto é mais preocupante: em todos os segundos mandatos, no caso de reeleição, os governos têm se mostrado piores do que no primeiro.
Não se pode esquecer de que Dilma chegou a ter 63% de aprovação em seu primeiro mandato e terminou na faixa de 20%.
Já a aprovação dos governadores apresenta um quadro diferente na pesquisa Dataquest.
Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, chega a ter uma aprovação de 70% em seu estado, contra apenas 6% dos entrevistados que consideram ruim sua gestão.
Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Partido Novo), de Minas Gerais, têm desempenho semelhante, com aprovações na faixa de 60% e 30% dos entrevistados considerando seus governos regulares.
Já o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), é o segundo com melhor desempenho, apresenta 79% de aprovação.
Todos esses índices credenciam, em tese, os quatro governadores a serem postulantes ao governo federal em 2026.
O primeiro fato a destacar-se é que os quatro atuam por partidos diferentes, mas, de certo modo, em oposição ao atual governo.
Tarcísio e Zema têm uma maior proximidade com o ex-presidente Bolsonaro.
A pesquisa já despertou nos governadores a ambição pelo Planalto.
Tanto que Ronaldo Caiado já disse que será candidato à Presidência da República.
Porém, teriam esses governadores expressão nacional para superar Bolsonaro e Lula? É uma missão muito difícil.
Em 1989, Ronaldo Caiado foi candidato a presidente.
Na época, seu nome estava muito ligado à UDR (União Democrática Ruralista) e teve pouco menos de 600 mil votos.
Em 2006, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tinha 66% de aprovação no estado e resolveu concorrer à República.
Foi derrotado.
O Estado de São Paulo tem o maior eleitorado do país, com cerca de 35 milhões de eleitores, o suficiente para turbinar qualquer campanha federal.
Goiás, para efeitos de comparação, tem menos de 5 milhões.
Vencido o desafio do impulso nacional, que já é robusto, há dois gigantes que ainda polarizam a política nacional: Bolsonaro e Lula.
De qualquer modo, 2026 está um pouco distante.
Dois anos no mundo da política significam muito.
Também nada garante que os governadores continuarão com a mesma popularidade.
De qualquer modo, a pesquisa Dataquest serviu para alimentar as ambições e ligar as mensagens de alerta.
José Alves Trigo é professor de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).