Por Rodrigo Augusto Prando, em artigo enviado ao blog de Jamildo A recente pesquisa Genial/Quaest “Cenários Políticos nos Estados” – São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás – veio à tona e, obviamente, tem seus dados interpretados e amplificados no âmbito da mídia e das redes sociais.

Segundo informações do instituto, a investigação deu-se entre os dias 04 e 07 de abril, com eleitores de 16 anos ou mais, cujo índice de confiabilidade é de 95%.

O primeiro dado apresentado é “Aprovação do Governo Lula/Estado”.

Temos, assim, que o governo é aprovado por 51%, desaprovado por 46% e não sabem ou não responderam (NS/NR) são 3%.

Seguindo para os quatro estados pesquisados, os números são os seguintes: em São Paulo, a aprovação é de 50%, 48% desaprovam e NS/NR 2%; nas Minas Gerais, o percentual dos que aprovam chega a 52%, 47% desaprovam e 1% NS/NR; no Paraná, 44% aprovam, 54% desaprovam e 2% NS/NR; e em Goiás, o índice é 49% de aprovação, enquanto 50% desaprovam e 1% NS/NR.

Nesse caso, os números são ruins para o atual governo federal, já que São Paulo e Minas Gerais estão na margem de empate técnico, o governo é bem desaprovado no Paraná e desaprovado, também na margem de empate técnico, em Goiás.

Dessa forma, os números continuam a refletir aquilo que Felipe Nunes e Thomas Traumann já asseveraram no livro “Biografia do abismo”: a polarização política já se transformou em uma “calcificação”, pois metade da população aprova o Governo Lula e metade desaprova.

No que tange aos números acerca da “Aprovação do governo estadual/Estado”, os governadores tidos como de oposição (Tarcísio Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado) têm números muito melhores que Lula.

Em São Paulo, 62% aprovam o governo estadual, 29% desaprovam e 9% NS/NR; nas Minas Gerais, 62% aprovam o governo estadual, 31% desaprovam e 7% NS/NR; no Paraná, 79% aprovam, 17% desaprovam e 4% NS/NR; e em Goiás, 86% aprovam o governo estadual, 12% desaprovam e 2% NS/NR.

Como dito acima, a realidade é péssima para Lula e muito boa para os governadores, colocados como herdeiros do espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, que está inelegível.

Embora Ratinho Júnior, governador do Paraná, tenha 79% de aprovação, Ronaldo Caiado, de Goiás, tenha 86% de aprovação, e Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Romeu Zema, de Minas Gerais, tenham 62%, dos quatro, o nome mais forte em uma potencial disputa presidencial ainda continua sendo Tarcísio, pois tem a posição mais confortável, já que poderá concorrer à reeleição em São Paulo ou, caso Lula esteja enfraquecido politicamente, poderá vislumbrar o Planalto.

No caso de permanecer em São Paulo, o nome que ganha visibilidade e força, dada sua competitividade no bojo do bolsonarismo, é o de Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama.

O Governo Lula reclama mudanças, caso queira melhorar seus números de aprovação.

Por outro lado, os governadores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás estão fortalecidos nesse cenário “calcificado”, colocando-se como opção para 2026.

Lula e seus ministros não apresentaram ainda nenhum fato ou marca que possam eletrificar a opinião pública de forma positiva.

Nos corredores de Brasília, já asseveram que ele precisará desencadear uma ação mais concreta, com o claro objetivo de trazer elementos positivos e que possam ser apreendidos pela população, ou terá enorme dificuldade no restante de seu mandato e de sua reeleição/sucessão.

O presidente ainda olha no retrovisor e parece estar surpreso com esse Brasil “calcificado”, com uma oposição mais vigorosa do que teve que enfrentar nos seus dois mandatos anteriores.

Há quem diga que uma reforma ministerial começa a se desenhar com mais clareza na tentativa de melhorar a avaliação do governo.

Rodrigo Augusto Prando Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp.