O deputado pernambucano Pedro Campos, do PSB, irmão do prefeito João Campos, pediu a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brasão, apontado como um dos mandantes da morte da vereadora do RJ Marielle Franco, em discussão na comissão de Justiça e Constituição da Câmara dos Deputados. “Vou apelar aos deputados conservadores usando uma passagem da biblia, onde está escrito que se deve separar o joio do trigo.
Não passem pano para este deputado suspeito de cometer crimes”, afirmou.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados está reunida para analisar a manutenção da prisão preventiva do deputado Chiquinho Brazão (RJ).
Chiquinho Brazão, que foi expulso do União Brasil, está preso desde o último dia 23.
Ele é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.
Na época, Brazão era vereador na capital fluminense.
Marcos Feliciano, pastor e deputado pelo PL, tentou emendar João Campos e disse que ele estaria interpretando erradamente a biblia. “As escrituras dizem que esta separação só acontece no juízo final”.
Nas argumentações, vários deputados do PL, aliados declarados de Bolsonaro, afirmaram que votariam contra a manutenção da prisão porque não iriam “dar asas ao STF ou Alexandre de Moraes”, que assinou a prisão.
Muitos parlamentares citaram a prisão de Daniel Silveira, do Rio de Janeiro.
A principal narrativa era que a prisão seria ilegal porque Moraes não poderia usar o conceito de prisão preventiva, sem flagrante, depois de mais de seis anos.
Ocorre que o plenário do STF corroborou a legalidade da prisão, uma vez que houve tentativa continuada de obstrução da Justiça. “Queria ver se fosse seu João e Dona Maria”, ironizou Stélio Dener, do Republicanos, apresentando-se como promotor.
Parecer a favor da prisão No dia 26 de março, o relator do caso, deputado Darci de Matos (PSD-SC), leu seu parecer em que defende a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão.
Ele concordou com a tese do STF de que a prisão preventiva do deputado foi decretada por atos de obstrução à justiça, os quais, segundo o Supremo, “continuavam a ser praticados ao longo do tempo“.
Entre os atos que configurariam obstrução da justiça, segundo o relator, estão o comprometimento de operações policiais que investigavam o caso, incluindo imagens de circuito fechado, que poderiam auxiliar a esclarecer os fatos.
Próximos passos Após a votação do parecer pela CCJ, a prisão de Brazão será analisada pelo Plenário da Câmara, que, por maioria absoluta (257 votos), dará a palavra final em votação aberta e nominal.