Na guerra que se transformou a discussão do projeto do fim das faixas salariais dos PMs, a gestão estadual enquadrou a liderança do União Brasil na Alepe, forçando o deputado Romero Sales Filho a pedir a cabeça do colega de partido Romero Albuquerque na composição da principal comissão permanente da Casa, de Constituição e Justiça.
O objetivo é ter maioria e aprovar sem mudanças.
Nesta semana que passou, a votação foi adiada, mesmo com uma forte pressão dos policiais militares na Alepe.
De acordo com o pedido enviado no fim da tarde de quarta-feira à Mesa Diretora, a deputada Socorro Pimentel, aliada da governadora Raquel Lyra, seria a substituta de Romero Albuquerque na vice-presidência do colegiado.
O comunicado foi feito ao presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB).
Pela lógica política vislumbrada pelo deputado afastado, o governo estaria ameaçando não dar o devido apoio aos parlamentares nas eleições deste ano, prejudicando o pleito em Ipojuca (no caso de Romero Sales, filho da prefeita Célia Sales) e em Araripina, base da deputada Socorro Pimentel.
A substituição, se efetivada, também acontece em um momento em que a esposa de Romero Albuquerque, a vereadora do Recife Andreza Romero, ingressou no PSB, pelas mãos de João Campos. “A tentativa de intimidação é inédita no legislativo estadual.
O legislativo não pode se curvar à pressão autoritária do Governo do Estado.
Essa é uma movimentação totalmente antidemocrática, despótica, que demonstra o completo desrespeito do governo pelo papel de um legislativo independente e pelos princípios fundamentais da democracia”, disse Romero, apresentando-se como vítima das articulações da gestão.
O ofício com a troca dos parlamentares - Reprodução “O governo coloca em jogo não apenas a minha posição na CCLJ, mas o voto de cada parlamentar que escolheu seu presidente e seu vice-presidente na comissão, os interesses da população e dos profissionais da segurança, comprovando, mais uma vez, não hesitar em submeter o interesse público aos seus próprios interesses políticos”, afirmou.
Nesta semana que passou, a relatora do projeto, deputada Débora Almeida, pediu a retirada da proposta da pauta, diante de um auditório repleto de agentes e familiares interessados na aprovação das emendas.
Na ocasião, a deputada sequer deu acesso ao relatório com o seu parecer aos componentes da comissão. “Desesperado, o Governo tenta correr atrás do prejuízo e evitar a derrota na nova reunião da CCLJ, marcada para a próxima terça-feira.
Repudio veementemente qualquer ato de autoritarismo do governo estadual e seus aliados”, disse Romero Albuquerque. “Depois de ter desarticulado a votação das emendas ao PL 1671/2024 na última reunião da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça na terça-feira, o governo tenta, mais uma vez, passar com um trator por cima do Regimento Interno da Assembleia Legislativa” “O objetivo é alcançar o número suficiente de aliados e barrar a mudança no texto encaminhado pelo Palácio.
Entre essas mudanças, os deputados tentam evitar que o Governo de Pernambuco arraste o fim das faixas salariais até 2026”, relata. “Em troca de telefonemas na busca por apoio, a governadora e representantes da gestão estariam reclamando de não haver orçamento para extinguir as faixas salariais de imediato.
Diante das negativas, a postura tem sido mais intimidadora”.