Pela primeira vez, representantes da Rede Nacional de Redução de Danos da República de Moçambique (Rede Unidos), na África, estão no Brasil para conhecer o trabalho de uma organização social do Recife que atua junto a pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas em contexto de vulnerabilidade social.
Nesta segunda-feira (18), os integrantes da comitiva moçambicana vão conhecer o centro de convivência para pessoas em situação de rua da Escola Livre de Redução de Danos, localizado no bairro de Santo Amaro, área central da cidade.
Segundo os organizadores, o espaço é de baixa exigência e oferece banho com privacidade, lavagem e secagem de roupa, área de descanso, leitura e entretenimento, além de formações.
Um dia na semana atende exclusivamente mulheres cis e trans.
Na terça-feira (19), está programada visita a serviços públicos de saúde e assistência social.
A comitiva moçambicana conhecerá o Programa Atitude Mulher e Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação em Alcoolismo (CPTRA). À noite, acontece o Seminário Internacional Brasil e Moçambique: Política de Drogas e Redução de Danos.
O evento será realizado no auditório do Sindicato dos Bancários, na avenida Manoel Borba, centro do Recife.
A visita da Rede Nacional de Redução de Danos da República de Moçambique marca o início da cooperação internacional firmada entre a organização moçambicana e a Escola Livre de Redução de Danos. “Brasil e Moçambique compartilham um passado de colonização portuguesa e possuem laços diplomáticos desde 1975, ano da independência moçambicana.
O termo de cooperação assinado vai permitir que a sociedade civil dos dois países aprimorem as estratégias de cuidado e assistência a pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade”, afirma o psicólogo e consultor Rafael West.
A escolha por Moçambique Moçambique é um país localizado no sudeste da África, banhado a leste pelo oceano Índico.
Assim como outras nações da África Subsaariana, enfrenta problemas socioeconômicos decorrentes de um passado recente de colonização.
Foram dez anos de resistência armada contra a colônia.
Após a independência, o país mergulhou numa guerra civil que durou quase 20 anos, até meados da década de 1990.
Além dos indicadores sociais de pobreza e analfabetismo, Moçambique vivencia hoje outro fenômeno social: o aumento do número de pessoas que fazem uso de drogas em contexto de miséria.
Este crescimento também foi constatado em outros países do sul global, como registra o Relatório Mundial sobre Drogas 2023, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). “O intercâmbio entre Brasil e Moçambique será fundamental para o compartilhamento de experiências, pesquisas, conhecimento e instrumentos jurídicos que possam orientar melhor as ações voltadas a essas populações”, afirma a pesquisadora Ingrid Farias.