Por Murillo Torelli, em artigo enviado ao blog de Jamildo Recentemente, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, protagonizaram mais um capítulo da tragédia fiscal que assola o país.

Em um encontro que deveria ser pautado por medidas de contenção de gastos, o que se viu foi um espetáculo de descompromisso com a responsabilidade fiscal.

A ministra Tebet, em uma demonstração de falta de sensibilidade, anunciou um cronograma para a revisão dos gastos públicos em 2024.

No entanto, ao invés de pensar em cortes necessários para equilibrar as contas públicas, a proposta é apenas “repriorizar” despesas.

Uma estratégia que mais parece um jogo de palavras para disfarçar a ineficiência na gestão financeira do governo.

O discurso de “repriorização” é, na verdade, uma máscara para justificar a manutenção de gastos desnecessários e que, muitas vezes, agregam à população em geral. É uma dança perigosa que camufla a verdadeira irresponsabilidade do governo federal, que prefere mudar o destino dos recursos a cortar custos ineficazes.

Um dos alvos dessa revisão é o corte nos gastos sociais, atingindo diretamente o Ministério do Desenvolvimento Social e o Bolsa Família.

Em um momento crítico para a população mais vulnerável, o governo demonstra sua falta de compromisso social ao sacrificar os que mais precisam de apoio.

Além disso, o Ministério da Previdência e o INSS também serão afetados, com um pente-fino nos benefícios previdenciários.

Em um país com uma população envelhecida e muitos idosos em situação precária, essa medida revela a insensibilidade do governo diante das necessidades prementes da sociedade.

Isso que é um governo que se diz com uma visão social.

Para agravar a situação, observamos um aumento recorde na carga tributária, resultado das medidas arrecadatórias implementadas por Haddad.

Em janeiro, a receita cresceu 6,7%, totalizando R 280,6 bilhões.

Essa arrecadação recorde não é fruto de uma economia saudável, mas de um aumento dos impostos que recai pesadamente sobre os ombros da população já sufocada.

O governo do presidente Lula parece estar mais preocupado em manter uma aparência de prosperidade do que em realmente zelar pela saúde financeira do país.

Os gastos descontrolados e a falta de compromisso com a responsabilidade fiscal são marcas indeléveis dessa gestão, que aparenta mais interesse em agradar setores específicos do que em atender às reais necessidades da população. É urgente que a sociedade exija transparência e responsabilidade por parte do governo.

Não podemos permitir que a dança irresponsável com as finanças públicas continue comprometendo o futuro do país e prejudicando aos que mais precisam de apoio.

A responsabilidade fiscal deve ser uma prioridade, e o governo precisa ser cobrado por suas ações desastrosas em relação ao orçamento público.

Murillo Torelli é professor de Contabilidade Financeira e Tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)