O cientista político Felipe Nunes, na mais recente pesquisa da Quaest sobre os efeitos dos ataques golpistas à democracia, defende que os atos de 8 de janeiro de 2023 no Brasil guardam semelhança com a invasão do Capitólio nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.

Mas ressalva uma diferença importante. “Dados de pesquisas YouGov mostram que em janeiro de 2021, logo depois da invasão do Capitólio, 9% dos americanos aprovavam fortemente os atentados (no Brasil foram 4%).

Em janeiro de 2022, um ano depois, esse percentual passou para 14% (no Brasil, chegou a 6%, menos da metade), e em janeiro de 2023 chegou a 20%.

Só entre os eleitores republicanos, 32% apoiavam a invasão que tentou impedir a confirmação de Joe Biden como presidente dois anos depois”, compara.

Para Felipe Nunes, Biden cometeu um erro ao partidarizar a invasão do Capitólio. “Foi isso que permitiu aos republicanos se recuperarem meses depois do mais violento ataque à democracia americana.

O 6 de janeiro nos EUA não é hoje um tema da democracia, mas da polarização partidária: Democratas x Republicanos.

No Brasil, para que os índices de apoio às invasões continuem baixos Lula não deve partidarizar o assunto. É imperativo que esse debate não seja contaminado por cores partidárias, porque trata-se de um problema do Estado brasileiro. É a defesa das regras, da Constituição e da própria democracia que estão em jogo neste caso”, afirma.