A fábrica de cretinos digitais, de Michel Desmurget, que acabo de devorar, é um livro que aborda os perigos do uso excessivo de telas para o desenvolvimento cognitivo e comportamental de crianças e jovens.

O autor, um neurocientista francês, apresenta uma vasta gama de pesquisas científicas que demonstram como a exposição prolongada a dispositivos digitais pode causar prejuízos ao cérebro em formação.

O livro começa com uma análise da situação atual.

Desmurget afirma que, pela primeira vez na história, as crianças estão expostas a um nível de estímulos digitais sem precedentes.

Na França, por exemplo, as crianças de 2 anos passam, em média, três horas por dia na frente de telas.

Esse tempo só aumenta com a idade, chegando a seis horas e quarenta e cinco minutos para os adolescentes.

O autor então passa a discutir os efeitos do uso excessivo de telas em diferentes áreas do desenvolvimento.

No campo cognitivo, ele afirma que a exposição a telas pode prejudicar a atenção, a memória, o aprendizado e a criatividade.

Em particular, Desmurget destaca o impacto negativo das telas na linguagem, pois elas reduzem a exposição das crianças à fala e à leitura.

No campo comportamental, o autor afirma que a exposição a telas pode aumentar a agressividade, a ansiedade e a depressão.

Ele também destaca o risco de dependência digital, que pode levar a problemas como a falta de sono, a obesidade e a diminuição da atividade física.

O livro termina com uma discussão sobre as políticas públicas necessárias para combater os perigos das telas.

Desmurget defende medidas como a redução do tempo de tela recomendado para crianças e jovens, o controle da publicidade dirigida a crianças e a educação dos pais sobre os riscos do uso excessivo de telas.

A fábrica de cretinos digitais é um livro importante e necessário.

Ele fornece uma visão abrangente dos perigos das telas para o desenvolvimento de crianças e jovens.

O livro é bem escrito e fundamentado em pesquisas científicas.

No entanto, é importante ressaltar que o autor apresenta uma visão bastante pessimista sobre os efeitos das telas.

Ele afirma que o uso excessivo de telas está levando a uma “regressão cognitiva” da humanidade.

Essa visão pode ser considerada controversa, mas o livro certamente levanta questões importantes que merecem ser discutidas.