Há 16 anos, o coronel Helder de Barros Guimarães, hoje um dos responsáveis pela implantação da nova Escola de Sargentos do Exército, na cidade de Abreu e Lima, em 2008 era capitão, oficial instrutor do Centro de Preparação de Ofíciais da Reserva (CPOR) do Recife e mestrando em gestão e políticas ambientais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A sua tese de mestrado, aprovada pela UFPE naquele ano, registra o êxito das Forças Armadas em preservar a integridade ambiental da área por 60 anos, desde quando em 1944 nove engenhos de cana de açúcar foram unidos e os pastos ali existentes deram lugar a uma floresta regenerada. “Após 60 anos de instalação desta organização militar houve uma importante recuperação tanto da flora quanto dos recursos hídricos existentes em seu interior”, escreveu em 2008.

O trabalho científico também constatou que existiam, na década de 60, a existência de 20 fragmentos de mata densa, que não chegavam a 10% da área total. “Durante os trabalhos de campo realizados em 2006 e 2007, verificou-se que estes fragmentos não se apresentavam mais isolados, e sim justapostos uns ao outros”, escreve em 2008.

O próprio autor destacou que este estudo foi o primeiro realizado para o Estado de Pernambuco, sendo portanto pioneiro no que se refere ao levantamento da existência e execução de um plano de gestão ambiental nas Organizações Militares da 7ª Região Militar.

Na exposição oficial do ano passado, os militares deixaram claro que a área reservada ao projeto estruturador foi planilhada e que o efeito será mínimo. “Nós estudamos as áreas que haveria o menor impacto.

Há manga, jaca, plantas exóticas, é uma mata secundária.

Outra diretriz, prevista em lei, é construir em uma distância de 100 metros dos mananciais.

Vamos cumprir tudo que as leis ambientais pedem e vamos além”, explicou.

Nem tudo que é verde é Mata Atlântica Aqui cabe uma explicação mais técnica, de modo a combater falácias lançadas contra o projeto.

Uma floresta exótica é uma floresta que não ocorre naturalmente na área em que se encontra.

As florestas exóticas podem ser introduzidas intencionalmente pelo homem, como por exemplo, para fins de reflorestamento ou paisagismo, ou podem ser introduzidas acidentalmente, como por exemplo, através de aves migratórias.

As florestas exóticas podem ter um impacto significativo no meio ambiente, ajudando a recuperar áreas degradadas ou devastadas.

Uma floresta secundária é uma floresta que se desenvolve em uma área que já foi florestada, mas que foi desmatada.

As florestas secundárias podem se formar naturalmente, através do processo de sucessão ecológica, ou podem ser plantadas pelo homem.

As florestas secundárias são geralmente menos complexas e diversas do que as florestas primárias, que são florestas que nunca foram desmatadas.

No entanto, as florestas secundárias ainda podem desempenhar um papel importante no meio ambiente, fornecendo habitat para plantas e animais, e ajudando a regular o clima. “Não serão usadas essas áreas (de Mata Atlântica)” reafirma o coronel ao Blog de Jamildo, neste início de ano.

Resgate da riqueza Um dado curioso extraído da tese de mestrado de 2008, elaborada pelo coronel Helder, é que até 2008 o Exército não havia desenvolvido nenhum trabalho de reflorestamento. “A área foi cercada e se restringiu o acesso de pessoas estranhas ao seu interior”, escreve. “A diversidade florística será outro grande legado pois a área da escola é formada por muitas árvores exóticas e o processo de compensação fará o resgate da riqueza e diversidade típica da Mata Atlântica”, promete agora em 2023 o Comando Militar do Nordeste.

Coronel Helder, no Comando Militar do Nordeste - Blog Imagem No ano passado, em um café da manha, o Comando Militar do Nordeste disse que a força vai deixar o meio ambiente na área escolhida para o projeto estruturador melhor do que está hoje, em termos de conservação e sustentabilidade. “Quando falamos de meio ambiente, é preciso deixar claro que baixo impacto não é impacto zero.

Haverá um legado econômico, um legado social e um legado ambiental enorme.

Vamos deixar a área melhor do que antes.

Não apenas porque a lei exige compensação ambiental, mas porque o projeto da nova Escola de Sargentos nasceu sob os auspícios de portarias do Exército que orientam a sustentabilidade”, disse o coronel Helder, ainda no ano passado. “Vamos ter uma escola sustentável, do ponto de vista econômico, social e ambiental.

Vamos usar pouco mais de 1,5% da área (hoje menos ainda, uma vez que houve mudanças no projeto).

A lei manda compensar e vamos além.

Se não fosse a compensação, não teríamos a Via Mangue, não teríamos Suape”, comparou.

O militar explicou que, em todo o Brasil, todas as áreas sob o comando do Exército são um fator de conservação ambiental, ajudando a evitar alagamentos, amenizando o clima e valorizando todo o entorno. “A atividade militar, assim, é e sempre foi compatível com que haja uma melhora no meio ambiente (não uma degradação).

Nós precisamos destas áreas preservadas (para a prática dos exercícios militares)”, explicou.

Raquel Lyra visita área em que será construída a Escola de Sargentos do Exército - Reprodução/Redes Sociais Recursos hídricos “Um exemplo de que vamos ter ganhos de sustentabilidade.

Vamos deixar a qualidade da bacia do rio Catucá (que abastece a barragem de Botafogo, em Igarassu) melhor do que antes, com o replantio de matas ciliares.

Isto amplia o volume do rio, liga dois fragmentos da bacia que não estão conectados.

Com isto, Pernambuco, que tem um dos maiores déficits hídricos do Brasil, vai ter a garantia de preservação das águas que chegam a Botafogo.

O rio nasce no CIMNC, lá não tem esgoto, não tem fertilizante”, explicou.