Em suas conclusões, o livro Biografia do Abismo, que trata da polarização política do Brasil nas últimas eleições, defende ser necessário traçar limites, pata evitar um caos ainda maior. “O consenso é essencial para demarcar um cordão sanitário entre a divergência política salutar da democracia e o golpismo”, afirmam, em referência ao 8 de janeiro e à decisão do STF “em um processo que simboliza o descalabro causado pela polarização extrema no Brasil”.

A medida é avaliada como exemplo para estancar o radicalismo e desincentivar novas tentativas de ataque à democracia. “O início do julgamento dos envolvidos no 8 de janeiro delimita o território de onde o Brasil pode enxergar uma fresta de saída para a calcificação”, defendem. “Quem está fora do jogo democrático deve ser extirpado”.

Leia Também Biografia do Abismo: entenda como a verdade deixou de interessar com a polarização política Os autores, o cientista político Felipe Nunes e jornalista Thomas Traufmann, aceditam que não vai existir volta à normalidade, na política brasileira, e até comemoram que não exista a possibilidade de uma revanche entre Lula e Bolsonaro, nos próximos pleitos, por evitar um confronto com resultados imprevisíveis. “A intransigência de parte do Brasil em relação à outra parte não acabou, pelo contrário, apenas se recolheu, com o fracasso da tentativa do golpe (de 8 de janeiro), Retornará assim que o tom político recrudescer com a proximidade das eleições” A dupla mostra um grande ceticismo por saber que a democracia, não apenas a brasileira, está doente, em todo o mundo. “Milhões de brasileiros, norte-americanos…não mais enxergam nos seus representantes os portadores de seus interesses” “O radicalismo político não surge por geração espontânea. É resultado de um descrédito das instituições e da política como forma de resolver problemas reais da sociedade” “Como escreveu a psiquiatra Maria Rita Kehl em estudo sobre o ressentimento no campo político, líderes populistas manipulam a necessidade de eleger culpados, a quem acusar quando a barra pesa: eu sofro, alguem tem que pagar por isso”… (assim) …No Brasil, o discurso populista radical foi resultado de um processo continuo de criminalização da política" Leia Também Biografia do Abismo: exploração de ressentimentos alimenta radicalização política atual Biografia do abismo: lógica do futebol aplicada à política acirra bolhas e veio para ficar Exclusivo: Autores de Biografia do Abismo afirmam que polarização política no Brasil so deve piorar “Não há inocentes nas instituições brasileiras, e os ingredientes que levaram a política ao descrédito a partir de 2013 seguem todos vivos, destilando a frustração e o ressentimento de milhões de eleitores”, afirmam, ressaltando a necessidade de não repetir os mesmos erros que causaram essa crise.