Já vai longe aquele velho fla-flu entre os tucanos e os petistas.

No livro Biografia do Abismo, o cientista político Felipe Nunes e o jornalista Thomas Traufmann mostram-se pessimistas quanto à uma redução da polarização política no Brasil no curto prazo e usam de forma magistral uma analogia futebolística para justificar o pessimismo. “Da mesma forma que a fidelidade do torcedor não se encerra com o fim da partida dentro de campo, vencendo ou perdendo, a identidade do eleitor não se encerra com o fim das eleições.

Essas lealdades políticas, em um sociedade calcificada, passam a ser a sua impressão digital”, afirmam.

Na obra, eles defendem que o acirramento das posições radicais no debate político não terá fim, no curto prazo, pela simples razão de que, em um contexto de polarização, ambos os lados tem chances de bater o outro por muito poucos (votos).

Assim, qual o incentivo externo para jogar a toalha ou levantar a bandeira branca.

Assim, a polarização só deve piorar, nos próximos anos.

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Nordeste não teve ‘culpa’, explica Biografia do Abismo ‘Bolsonaro não está morto’, alerta livro Biografia do Abismo Exclusivo: Autores de Biografia do Abismo afirmam que polarização política no Brasil so deve piorar A imagem do futebol, aliás, é recorrente na publicação e a analogia com as transmissão de futebol são uma grande sacada para que o eleitor de centro entenda porque é alvo das “torcidas organizadas”.

Desde os tempos da guerra do PSDB e PT, já se falava em fla-flu da política.

Os autores contam que a situação chegou ao paroxismo. “Grandes clubes de futebol oferecem canais de streaming que narram as partidas exclusivamente do ponto de vista do seu time.

Quem já acompanhou uma partida dessas sabe que está comprando parcialidade.

Tal pessoa quer assistir a um jogo que considere pênalti toda vez que seu atacante cai na área, que decrete impedimento toda vez que o adversário chute a gol e que julgue como histórica toda e qualquer vitória”, comparam, acertando na mosca.

Sem dividir a bola e sem ecumenismo “O transbordamento é um fenômeno maior que reforça a polarização extrema, como se os eleitores fossem fiéis de uma igreja que não admitisse a existência de outra fé.

A identidade política passa a ser a tradução de opiniões sobre direitos de gênero, liberdade de expressão e o futuro do país.

Não há uma busca de consenso, mas sim de dissenso, uma tentativa reiterada de se diferenciar do outro” “A incapacidade de ouvir, respeitar e tolerar outros pontos de vista pode minar os princípios democráticos e levar a uma série de problemas… a polarização deixa as pessoas cada vez mais radicais em suas visões e menos dispostas a ceder, a buscar acordos e chegar a meio-termos.

Ela também conduz a uma falta de respeito e de tolerância pela opinião do outro.

Quando as vozes moderadas ou desrespeitadas, as pessoas podem se voltar para movimentos radicais que prometem soluções simples para problemas complexos”, resumem.

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E eles não querem Eduardo Campos, Aécio e Dilma Ao historias casos de intolerância, a dupla de autores cita que na estreia da Copa de 2014, no novo estádio do Itaquerão, Dilma foi novamente vaiada, agora com palavrões. “Numa mostra do nível de ódio na política de então, seus adversários Aécio Neves e Eduardo Campos apoiaram as vaias”