Os eleitores do Nordeste, logo após as eleições, foram “culpados” pela vitória de Lula e derrota de Bolsonaro.
No entanto, ao explicar que em um ambiente polarizado a vitória é imprevisível, os autores do livro Biografia do Abismo, Felipe Nunes e Thomas Traufmann, explicam que, em uma era de enrijecimeno das opiniões, o eleitor fora da bolha terminou decidindo as eleições. “No Nordeste, o PT manteve sua votação ao longo dos anos, independentemente de o candidato nas disputas ser Lula, Dilma ou Haddad.
Já as regiões Sul e Cenro Oeste constantemente votaram contra o PT”.
Leia Também ‘Bolsonaro não está morto’, alerta livro Biografia do Abismo Exclusivo: Autores de Biografia do Abismo afirmam que polarização política no Brasil so deve piorar “Com esse quadro engessado, o Sudeste passou a ser o campo de batalha decisivo.
Quando o candidato petista diminuiu sua votação em São Paulo, Minas Gerais e rio de Janeiro em relação à eleição, ele perdeu.
Nos anos em que o partido superou, no Sudeste, a votação obtida na eleição anterior, o candidato petista ganhou, como no caso de 2022” “O que fez a diferença para Lula em 2022 foi que ele obteve, nos três maiores colégios eleitorais, mais votos que Haddad conseguira no pleito anterior.
Essa melhora em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro garantiu a vitória, mesmo que apertada” “Isso comprova como mudanças no voto de um grupo proporcionalmente pequeno podem virar o resltado para um lado ou para o outro, apesar de a maior parte do País estar polarizada entre pró e anti-PT”, explicam.
No capítulo 3 da publicação, os autores mostram que é exagerado atribuir a derrota de Bolsonaro ao voto dos eleitores do Nordeste ou de beneficiários dos programas sociais. “Nesses dois segmentos, o voto manteve o padrão dos anos anteriores.
Lula venceu porque aumentou seu eleitorado nas grandes cidades, particularmente Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro” “A mineração dos dados permitiu registrar um grupo minoritário mas decisivo para o resultado da eleição: os liberais sociais.
Representado pelo apoio de Simone Tebet e dos economistas liberais a Lula no segundo turno, esse grupo de apenas 3% do eleitorado deu à candidatura do Pt a imagem de uma frente ampla em favor da democracia.
Depois do fracasso na montagem de um candidato viável na terceira via, os liberais sociais foram decisivos na vitória de Lula justamente por serem críticos públicos dos governos anteriores do PT. É relevante lembrar que, em 2018, parte desse grupo havia votado em Bolsonaro”, resumem. “Lula venceu porque havia um sentimento solidificado em parte da sociedade de que Bolsonaro não merecia se manter na Presidência da República e que havia uma sensação de medo sobre o que poderia acontecer depois da eleição”, afirmam.