A pouco menos de dez dias do início do recesso, a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) havia emitido, na última quarta-feira (6), um empenho de R$ 830 mil para fornecimento de móveis destinados a atender às necessidades da Casa dentro da ação “adequação das instalações físicas da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco”.

Após ter tomado conhecimento dos detalhes da compra com a publicação da coluna eletrônica, o presidente da Assembleia Legislativa, orientou que a licitação fosse suspensa.

A Alepe ponderou que não se tratava do melhor momento de oportunidades, mesmo diante da higidez do certame.

O blog apurou que os móveis comprados por R$ 831 mil iriam ser destinados ao buraco frio dos deputados, como é conhecido o gabinete privativo dos deputados.

De acordo com o empenho 2023NE003095, que consta no sistema Tome Conta, do Tribunal de Contas do Estado, circulando nos corredores da Casa, a aquisição estava lastreada no pregão eletrônico 17/2023 da própria Assembleia e tinha como fornecedora contratada a empresa MBarros Indústria de Móveis Ltda., situada no município do Paulista.

Na justificativa do processo de licitação, a Alepe havia argumentado que a contratação ocorreria em virtude da “necessidade da nova gestão de otimizar as atividades de uso do espaço destinado aos deputados à medida em que o mobiliário existente já possui mais de sete anos de uso e destacando que, em sua maioria, já foram recondicionados, o que tem gerado certo desconforto e desatualização da proposta do espaço referido, além de já apresentarem estado de conservação crítico em alguns itens”.

Nos bastidores, a explicação era mais simples. “Chega final do ano e a Casa, com muito dinheiro na conta, precisa gastar. É típico dessa época”, afirmou um funcionário.

A contratação foi publicada no Diário Oficial do Legislativo no dia 24 de novembro e é assinada pelo presidente Álvaro Porto (PSDB) e pelo primeiro secretário, deputado Gustavo Gouveia (Solidariedade).

Descrição do móveis consta de edital visto no portal do TRE - Reprodução Nos corredores da Casa, os valores negociados chamaram atenção.

Uma unidade de sofá de dois lugares, com puff, custará R$ 55 mil – valor com desconto de apenas R$ 738,00 em relação ao preço estimado pela própria Alepe no edital de licitação.

Além disso, estariam sendo compradas 85 cadeiras e poltronas que variam entre R$ 5.952,38 e R$ R$ 8.500,00, além de nove bancos e banquetas revestidos em couro ao custo de R$ R$ 3.757,14 e R$ 5.200,00.

Nove mesas “estilo jantar”, com tampo de vidro, também foram negociadas: R$ 14.094,88 cada.