A Associação Pernambucana de Atacadistas e Distribuidores (Aspa) realizou, neste final de semana, no hotel Vila Galé, no Cabo de Santo Agostinho, uma das mais meritórias ações sociais da entidade, com a premiação final do concurso Ler Bem e Contar Bem.

O evento é voltado ao estimulo à educação, envolvendo crianças e escolas de 150 municípios do Estado, durante todo o ano.

Como quem lança sementes ao solo, o concurso Ler Bem vai para o 14° ano, disputado por escolas de 150 municípios.

Já o concurso Contar Bem, criado depois e envolvendo inicialmente 15 municípios, entrará no terceiro ano.

Durante o evento, o presidente da Aspa, Inácio Miranda, anunciou que em 2024 os dois concursos serão levados aos 184 municípios do Estado. “Já impactamos mais de 100 mil alunos e a missão para 2024 é chegar a todos os municípios”, afirmou o dirigente da entidade, que adota o slogan “distribuindo o bem” Em um tempo em que os jovens e até crianças tem a atenção sendo disputada por jogos e aplicativos no celular, o discurso das seis crianças vencedoras na premiação desperta emoção e esperança. “É bom estar aqui… mas a matemática e a leitura não são uteis apenas para um concurso.

Elas são para a vida toda, para fazer faculdade e subir na vida”, discursou Lorena de Almeida, de Arcoverde, primeiro lugar do Ler bem. “O que fica aqui registrado para estas crianças é a necessidade do esforço.

Não existe este negócio de colher sem plantar.

Tem que suar a camisa.

Se não suar a camisa, não vai acontecer”, defendeu Inácio Miranda.

Uma coisa que chama a atenção é que, como se dedicam à leitura, os garotos sabem conjugar os verbos com propriedade quando falam e não engolem o plural, mesmo falando em público.

As habilidades em matemática, por outro lado, são fundamentais para a área de programação, em um mundo cada vez mais digital.

No evento, os patrocinadores das marcas associadas ao evento são aplaudidos de pé, uma vez que o evento também angaria fundos para viabilizar as ações sociais o ano inteiro. “O final de semana em um resort é apenas um detalhe.

O importante aqui é o incentivo.

Vocês ainda vão receber muitas bençãos de Deus”, agradeceu a secretaria de educação de Lagoa dos Gatos, na Mata Norte.

Na premiação, além dos familiares, os garotos ganham o direito de levar ainda os professores de suas escolas.

Mas são as coisas mais simples que parecem encantar. “Eu me sinto ótima neste resort… tomando sorvete”, revelou Bruna Caroline, primeiro lugar do Contar Bem, de Lagoa dos Gatos, arrancando aplausos e gargalhadas.

O segundo colocado do Contar Bem ficou com Gilmar Macena, da cidade de Cortês, na Mata Sul.

Já o terceiro lugar do Ler Bem foi conquistado por Kauan Raphael, de Palmares.

No mesmo Ler Bem, Valentina Santos, de Triunfo, conquistou o terceiro lugar.

Vindo de Lagedo, um desenvolto Rennam Arthur - que agradeceu até aos colegas de classe que o impulsionaram até ali- recebeu o prêmio de segundo colocado no Ler bem.

Seis garotos foram premiados em concurso da Aspa, por suas habilidades em contar ou ler - Aspa/Divulgação Início em Caruaru O primeiro concurso Ler Bem foi realizado em 2011, nas escolas de Caruaru, tendo sido criado pelo empresário Sebastião Rodrigues, um dos fundadores da Aspa. “Nem a pandemia parou os concursos.

A gente fez tudo virtual e não parou.

O mais importante era estimular a leitura entre as crianças, abrindo um mundo de novas possibilidades”, conta Nélia Azevedo, secretaria executiva da Aspa.

O deputado estadual Antônio Moraes, do PSDB, parlamentar próximo ao setor e amigo pessoal de Sebastião Rodrigues, tomou parte do evento, como convidado especial da Aspa. 66% dos alunos brasileiros não leem textos com mais de 10 páginas Com menos de 10% de jovens leitores, o Brasil está atrás de outros países da América Latina Um estudo do Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) aponta que 66,3% dos alunos brasileiros entre 15 e 16 anos nunca leram mais de 10 páginas de um livro.

Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 9,5% leu algum material com mais de 100 páginas.

A análise é fruto de microdados extraídos do exame internacional Pisa - 2018 e, apesar dos indicadores negativos, mostra que os estudantes veem a leitura de forma positiva.

Mais de 40% dos alunos afirmam que gostam de falar sobre livros, média superior à registrada pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Segundo a educadora Priscila Griner, diretora da Casa Escola, o baixo interesse pela leitura é reflexo de um contexto social amplo. “É sabido que as telas assumiram um papel relevante na rotina dos adultos e, até mesmo, das crianças, substituindo diferentes costumes, que promoviam a interação pais e filhos, pelas mídias digitais”, diz.

Para se ter uma ideia, com menos de 10% de jovens leitores, o Brasil está atrás de outros países da América Latina, como Chile (64%), Argentina (25,4%) e Colômbia (25,8%).

Em exemplos de nações reconhecidamente bem-sucedidas na educação, como na Finlândia, o patamar chega a 72,8%.