A empresa pernambucana iLand, criada há 22 anos, considerada decana do programa de canais da multinacional Dell, está prestes a dar o maior salto de sua história.
Os fundadores da iLand, Douglas Landberg e Michael Medeiros, sempre tiveram planos de expansão da empresa.
Com a chegada de Cesar Sarafim, responsável pelas áreas de Operações e serviços e de Clímaco Feitosa, Head da vertical de inovação, eles amadureceram a estratégia de internacionalização, quando foi fundada, em 2019, a americana iLand Technology.
No dia 17 de outubro passado, sem alarde, os quatro sócios da empresa local inauguraram, no Porto de Manatte, próximo a Tampa e Miami, um Hub que tem a missão de ajudar empresas pernambucanas e brasileiras a desbravarem o mercado americano, especialmente na oferta de serviços tecnológicos.
O espaço físico inicial, de 1,5 mil metros quadrados, foi cedido pela própria administração portuária, interessada na promoção de negócios com o mundo e em especial com o Brasil. “Vamos primeiro pela cadeia portuária e de supply chain, mas as possibilidades são infinitas, como as soluções para rastreabilidade de produtos.
Basta que a gente descubra as dores e entreguemos o que eles não tem.
Assim o Hub foi criado e está aberto às empresas brasileiras”, afirma Clímaco Feitosa, sócio do braço americano da iLand. “Eles são famintos por boas soluções” A história de sucesso tem a ver com uma série de felizes coincidências, ou “Jesuscidências”, como eles gostam de explicar.
O caminho das pedras foi apontado em uma “despretenciosa” palestra do brasileiro Carlo Barbieri, do Oxford Group, em 14 de dezembro do ano passado, na Câmara de Comércio Brasil-EUA, no Recife. “A ideia do Hub de Inovação nasceu ali.
Carlo Barbieri faz negócios nos Estados Unidos há 35 anos, levando empresas daqui para lá e gostou da ideia “.
Nesta palestra, também estava Fábio Yamada, da agência de fomento do Estado da Flórida, a Enterprise Florida (hoje Select Florida), que também colaborou e fortaleceu a ideia do Hub.
Como participa da Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos na capital pernambucana, a iLand, pouco tempo depois, foi convidada por Barbieri a compor o Hub de Negócios em Manatee, como uma das empresas fundadoras.
De lá, eles descobriram um potencial de negócios imenso, tendo como base a costa oeste dos EUA. “Aqui, a gente acredita em Deus e no trabalho.
Nós percebemos que não havia nenhuma empresa igual a iLand neste ecossistema.
A gente diz que não faz TI (Tecnologia da Informação), faz TN (tecnologia para fomentar negócios)”, explica Cesar Sarafim.
Por lá, haviam algumas pequenas do México e da Índia, mas que não operavam com o approach dos brasileiros.
Em outro “golpe de sorte”, o presidente do Porto de Manatee, o espanhol Carlos Buqueras, foi eleito Chairman do Conselho de Portos da Flórida, que coordena os 15 portos da Flórida, sendo 11 deles de águas profundas, levando a iLand a tiracolo. “Ele comprou a ideia, apresentada pelo Carlo Barbieri, em expandir a parceria e criar um Hub de negócios, congregando soluções de empresas brasileiras para os americanos ou o inverso”, diz Clímaco.
Com o Buqueras na administração, gera-se a expectativa de levar para os demais congêneres o que der certo no Porto. “Manatee, assim, vai ser um grande Lab (laboratório).
Por mais incrível que pareça, há muitas operações manuais, poucas operações eletrônicas, o que abre oportunidades para soluções de negócios, relevantes”, acrescenta Clímaco.
Clímaco, Michael e Cesar, sócios da Iland - Blog Imagem Síndrome de Gabriela Acompanhando a evolução da empresa como membro da AMCHAM, o executivo de logística Roberto Cunha Júnior, destaca a ousadia dos empresários. “De certa maneira, eles despacharam a síndrome de Gabriela (Cravo e Canela) que acomete algumas empresas.
Aquela coisa do eu nasci assim, eu cresci assim….
Não, eles quiseram mudar e evoluir.
Não pode jamais se subestimar.
Hoje, estão levando o nome de Pernambuco para o mundo”, observa.
Quem já embarcou na aventura?
Além da iLand, como uma das empresas fundadoras do Hub de Inovação, estão embarcadas no Porto de Manatee o SiDi, braço de inovação da Samsung e o CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), o maior centro de pesquisa e desenvolvimento da América Latina, com foco na inovação em tecnologias da informação e comunicação.
Nesta mesma maré, a empresa pernambucana NavalPort está apresentando ao Hub, inicialmente, dois produtos desenvolvidos e usados nos portos de Santos e Santarém.
Um deles, com ajuda de laser, os navios são avisados sobre a velocidade de atracação, na aproximação, para evitar danos aos portos e às próprias embarcações, evitando elevados custos com acidentes ou sinistros.
Outra aplicação usa o transponder dos navios para evitar filas nos portos, otimizando as operações logísticas e portuárias.
De Cascavel, no Paraná, a CECICLE, que opera com troca de créditos de carbono, espera vender soluções industriais no novo Hub.
De Santa Catarina, o Flyinn Innovation Center (Flic) se prepara para levar grafeno para o mercado local, via Manatee.
A empresa processa o produto para ser usado em vários tipos de indústrias.
No caso específico, a ideia é produzir hélices de navios mais leves, mais eficientes e duradouras.
Why Florida?
O desembarque dos novos exploradores na Flórida não acontece por acaso.
Eles contam que, depois da pandemia, a força de trabalho da área de TI gostou de trabalhar de casa e passou a preferir ir em busca de opções longe de estados mais frios dos Estados Unidos. “A Flórida cresceu muito na pandemia e depois dela.
A real globalização do mundo dos negócios começou com a pandemia.
Ou fazia aquilo (de casa) ou parava.
Foi assim que aconteceu uma migração de pessoas, depois de empresas de tech, para a Flórida, Texas e Arizona”, conta Clímaco, que em breve deve passar metade do mês na terra do Tio Sam. “Em paralelo, o governador da Flórida, De Santis, tem visão de negócios e começou a vender a Flórida como nova casa destas empresas.
Como política, por lá, a pessoa física não paga imposto.
A empresa só paga imposto se tiver lucro.
Não teve lucro, não paga”, arremata Michael Medeiros.
Pernambuco falando para o mundo Tudo isto considerado, caso a Flórida vire mesmo o campeão de Blockchain do mundo, como planeja, há uma boa chance de termos o gostoso sotaque pernambucano por lá.