Não passou desapercebido pela oposição no Recife.
Cinco dias após a deflagração da Operação Brucia la Terra, do Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE), com apoio da Polícia Civil do Estado, o Conselho de Política Financeira (CPF) da gestão João Campos autorizou a contratação da Gráfica e Editora Quinta das Fontes, uma das empresas proibida temporariamente de fornecer ao poder público em Pernambuco por decisão da Justiça estadual do dia 2 de novembro.
A contratação de R$ 1,402 milhão tem como objeto a aquisição de material de apoio padronizado para atender às demandas do PROMORAR.
A presidente do Conselho de Política Financeira, presente na reunião, realizada em seis de novembro, é a secretária de Finanças da Prefeitura, Maíra Rufino Fischer.
A ata da reunião, com o teor das decisões, foi disponibilizada ao Blog por fonte ligada às investigações.
Na Câmara Municipal, já chegaram sugestões à diminuta bancada de oposição para que apresente um requerimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) tratando das contratações da gestão municipal com as empresas do grupo, especificamente a Gráfica e Editora Quinta das Fontes, também conhecida como Gráfica Nassau ou Gráfica Canãa.
O movimento, ainda no âmbito das especulações, pode ser definido até o mês de dezembro, conforme o andamento das investigações.
O modelo da contratação autorizado pela Prefeitura entre o PROMORAR e a Quinta das Fontes é a carona em processo licitatório de uma associação de municípios de Minas Gerais, a AMMESF.
Duas semanas antes da operação, segundo fontes da oposição à gestão municipal, conforme divulgado pelo Blog, a administração João Campos já havia utilizado o mesmo artifício – carona em licitação da AMMESF – para contratar mais de R$ 4 milhões em material escolar à Quinta das Fontes, que pertence aos filhos do empresário Sebastião Figueiroa, Suellen Mendonça Figueiroa e Davidson Mendonça Figueiroa – também presos na operação do dia 1º de novembro.
Embora a contratação via carona seja permitida por lei, chama atenção, segundo a oposição, a opção da gestão municipal de ratificar contratações a uma empresa envolvida em suspeitas de corrupção através de processos licitatórios realizados em Minas Gerais.
Fontes ligadas às investigações registram que todas as movimentações de contratações do poder público em Pernambuco com empresas do grupo Figueiroa nos últimos 90 dias estão sendo esmiuçadas e podem motivar novas fases da operação ou pedidos à Justiça pela manutenção das medidas cautelares, entre elas a prisão preventiva. “Além da Prefeitura do Recife, o volume de contratações em outros municípios da Região Metropolitana do Recife também chamam atenção”, afirma uma raposa felpuda da oposição.