Com uma obra estruturadora que levará 12 anos para ser concluída, a nova Escola de Sargentos do Exército brasileiro, a ser construida em Abreu e Lima, a partir de 2027, está a exigir uma nova postura dos governantes e calhou deste desafio cair no colo da primeira mulher governadora em Pernambuco, Raquel Lyra.
O projeto exige planejamento antecipado e deve dificultar enormemente a habitual transferência de responsabilidades com as alternâncias de governos.
Não foi por outro motivo que, em um café da manhã nesta quinta-feira, no Comando Militar do Nordeste (CMNE), os militares responsáveis pela implantação do empreendimento - uma ação de Estado, não de governos- afirmaram que iriam intensificar as gestões junto ao parceiro estratégico governo do Estado, para o cumprimento dos prazos.
Leia Também Exército alerta que impedimentos ambientais ou judicialização podem prejudicar Escola de Sargentos Além de gerar revolução com emprego e renda com Escola de Sargentos em Abreu e Lima, Exército vai deixar meio ambiente mais sustentável do que é hoje Equação financeira da Escola de Sargentos blinda Exército da dependência de governos e Orçamento da União De forma bastante diplomática, os militares observaram que, embora a oferta de contrapartidas tivesse sido assinada pelo então governador Paulo Câmara (PSB, na época), a pactuação havia sido feita com o Estado de Pernambuco. “No acordo, está lá o CNPJ do Exército Brasileiro e o CNPJ do Estado de Pernambuco”, afirmou Nilton Moreno, o general de brigada responsável na ponta pela execução do projeto do Estado Maior das Forças Armadas.
General Nilton Moreno, no Comando Militar do Nordeste - Blog Imagem “A Escola de Sargento só veio para cá (Pernambuco) por conta do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti, com 7,5 mil hectares, mas a entrega no prazo das contrapartidas é igualmente importante para o sucesso da iniciativa”, conta.
As áreas oferecidas pelos concorrentes nacionais era menores e mais próximas das cidades já bastante urbanizadas. “Aqui temos os 50 quilômetros quadrados de que precisamos para educar e treinar os nossos sargentos”, explica Nilton Moreno.
Hoje, escolas e treinamentos são espalhados por 12 unidades pelo Brasil.
O projeto de Abreu e Lima fará a concentração destas atividades, no sofrido Nordeste brasileiro.
Em síntese, são seis as principais contrapartidas negociadas pelo Exército e o Estado.
Nada do outro mundo, como uma estrutura de água e esgoto a ser colocada em Chã de Cruz, inexistente hoje.
A instalação de uma rede de fibra ótica e uma área de convivência e lazer para as famílias dos militares que se mudarão para lá.
Na área de saúde, esta prevista a ampliação da capacidade dos hospitais Pelópidas Silveira e Miguel Arraes.
A questão da mobilidade é uma das mais desafiadoras. “O principal acesso à Escola de Sargentos se dará pela BR 232, além da PE 408 de São Lourenço para Carpina, já duplicadas para a copa do mundo, mas vamos precisar de uma requalificação (piso e iluminação) da PE 027, além de uma alça projetada ao Norte, em Chã de Conselho.
Há ainda a necessidade de uma ativação de uma estrada em Mussurepe, que chega na frente da Escola.
Com essas intervenções, podemos diminuir o tempo de trajeto de 45 minutos para 30 minutos” Pelo projeto, tudo isto terá que estar pronto mais tardar até 2025, para que as obras sejam iniciadas em 2027 e concluídas em 2034.
O mandato de Raquel Lyra acaba em 2026, mas ela pode buscar a reeleição.
Caso entregue as contrapartidas no prazo, já poderá entrar para a história de Pernambuco antes mesmo de obter um segundo mandato.
Em breve, o Comando Militar do Nordeste fará workshop com os municípios, de modo a envolver todos os atores e deixar bastante claro o desafio e as responsabilidades de cada ator neste processo.