Sem qualquer chance de não aprovação, os vereadores do Recife já marcaram e devem dar aval, nesta terça-feira (31), ao projeto de lei do prefeito João Campos (PSB) para a permuta de áreas com a Santa Casa, da Igreja Católica, de modo a viabilizar o esperado Parque da Tamarineira, depois de mais de uma década de idas e vindas.

Leia Também Vereadores do Recife aprovam permuta de áreas para Parque da Tamarineira O parque da Tamarineira foi promessa de João da Costa, de Geraldo Julio e agora de João Campos.

A Arquidiocese de Olinda e Recife, na gestão do ex-arcebispo Fernando Saburido, chegou a desistir do projeto, por ter sido a operação inviabilizada por mudanças na legislação imobiliária da cidade.

Na prática, a Santa Casa vai trocar um terreno micado por uma área livre de amarras, no entorno do novo Parque Eduardo Campos, no antigo Aeroclube do Pina.

O terreno de 10,5 hectares (ou 105 mil metros quadrados) da Santa Casa de Misericórdia será cedido para o município, mas o projeto de Lei precisa ser aprovado no legislativo para formalizar a cessão.

Primeiro passo para nova Tamarineira Relator do projeto da Tamarineira, Felipe Francisma, do PSB - Divulgação O primeiro passou já foi dado com a aprovação, em comissão, do Projeto de Lei Ordinária do Executivo nº 40/2023, pelas mãos do relator Felipe Francismar, vereador do PSB no Recife e presidente da Comissão de Obras e Planejamento Urbano.

Leia Também João Campos precisou esperar benção do Vaticano para tocar Parque da Tamarineira João Campos promete tirar do papel Parque da Tamarineira O referido projeto autoriza a permuta de imóveis municipais (no caso, a área no Pina) por propriedades privadas (no caso, o terreno da Santa Casa), com o propósito de estabelecer o Parque Público da Tamarineira.

Agora, o projeto segue para avaliação nas demais comissões da Câmara e, em seguida, será submetido à votação na sessão plenária. “É uma honra muito grande ser relator e estar aprovando um projeto desta magnitude, que vai fazer tão bem aos moradores da cidade do Recife.

O espaço a ser utilizado é uma área que estava sem uso e agora será transformada neste parque, a segunda maior área verde do Recife.

O Parque da Tamarineira será um espaço de convivência, local de esportes para cuidar da saúde da população”, disse o vereador Felipe Francismar.

Assunto relacionado: confira a aprovação de João Campos, Raquel Lyra e Lula no Recife Detalhes do projeto Haverá equipamentos para crianças, pessoas idosas, pessoas com deficiência e para as famílias de maneira geral.

O espaço vai contar com equipamentos de lazer tanto para crianças quanto para adultos, de exercícios físicos, de convívio e contemplação da cidade, funcionando de forma complementar às áreas verdes já existentes, ajudando a desafogar o Parque da Jaqueira.

Segunda maior área verde da cidade Segundo a gestão, o Parque da Tamarineira será a segunda maior área verde da cidade, ficando apenas atrás do Parque Eduardo Campos (12 ha) e à frente da Jaqueira (7 ha), levando mais lazer, saúde e áreas contemplativas para bairros e comunidades da Zona Norte, sobretudo as da área oposta à Avenida Norte, tais como Água Fria, Mangabeira, Arruda, Alto José do Pinho e Casa Amarela.

Serviços de saúde Os serviços de saúde que funcionam no terreno (hospitais Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, Pediátrico Helena Moura e o Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação de Alcoolismo-CPTRA) permanecerão à disposição da população.

A ideia é que a primeira etapa do parque, cuja área será de 19 mil metros quadrados, seja entregue à população já no primeiro semestre do próximo ano.

Arcebispo Dom Saburido chegou a desistir do projeto, mandando ofício com desistência para João Campos, pressionando por uma solução.

Equipe do prefeito desatou o nó - GUGA MATOS/JC IMAGEM Como se deu o xabu no parque O xabu do Parque da Tamarineira se deu no começo de 2022, quando já se contava 12 anos que a cidade do Recife esperava pela construção do parque – um projeto que mobilizou a cidade em 2010, quando foi anunciada a possível construção de um shopping center no local.

Naquele ano, os projetos de lei municipais 02 e 03 não contemplaram a viabilização do parque.

Pelo projeto original, a Santa Casa iria doar todo o terreno à Prefeitura do Recife (PCR) e receberia em troca o direito de exportar o potencial construtivo, que é chamado de TDC (Transferência do Direito de Construir). “Nesses projetos de lei (os vereadores) não ressalvaram esse direito e inviabilizaram o parque.

Resolveram dificultar o uso da TDC”, explicou então uma fonte do blog. “(Santa Casa) Desistiram da doação por conta dos entraves criados pela legislação”.

O projeto inicial do empreendimento previa a construção de 170 lojas no local, cujo empreendimento iria sustentar o parque.

Assim, como se viu, o que aconteceu foi que as mudanças na legislação construtiva acabaram por deixar a Santa Casa com um grande mico na mão.

Ela tinha um terreno gigante na mão, em uma área supervalorizada, do qual não podia se desvencilhar e fazer dinheiro.

Foi por isto que o ex-arcebispo de Olinda e Recife, Fernando Saburido, mandou um ofício desistindo do negócio, assinado inicialmente ainda na gestão João da Costa, mas que passou pela gestão Geraldo Julio e veio desembocar nas mãos do jovem gestor do PSB.

Como havia a previsão de que 70% das árvores não podiam ser derrubadas, o chamado potencial construtivo do terreno foi para o espaço.

Eram 105 mil metros quadrados inviáveis para a venda, nem com reza forte.

Sítio da Tamarineira equivale a 10 campos de futebol A solução técnica encontrada pela equipe de João Campos para viabilizar finalmente o Parque da Tamaineira foi a oferta de uma área de 18 mil metros quadrados ao lado do futuro Parque Eduardo Campos, no antigo Aeroclube.

Com zero árvores, plano, desimpedido legalmente, o terreno tem uma potencial construtivo enorme, apesar de menor.

Quem comprar pode colocar um supermercado, prédio, o que for, em uma área que vai se valorizar com o novo empreendimento da Prefeitura do Recife.

Bem mais fácil de vender e fazer dinheiro para as obras de caridade da Santa Casa.

O terreno do antigo Sítio da Tamarineira equivale a 10 campos de futebol e será permutado por seis lotes que fazem parte do futuro Parque Eduardo Campos, no Pina, e totalizam uma área de 18 mil metros quadrados, área quase seis vezes menor em comparação ao terreno permutado.