A empreendedora e cientista social baiana Anna Luisa Beserra, conhecida no Brasil e no mundo por ter desenvolvido um inédito método de desinfecção de água para regiões rurais, revelou ao Blog de Jamildo, em entrevista exclusiva, que está patenteando agora um dissalinizador solar para água. “Diferentemente dos produtos que existem no mercado, não tem filtro, não tem substância química, não precisa de energia elétrica, nem depende das caras manutenções constantes. É um produto inovador e viável, voltado para as populações que não tem acesso à água, vivem a base de água salobra.
A própria família pode fazer a manutenção, em unidades residenciais ou comunidades pequenas”, explica, evitando dar mais detalhes até o início da produção.
A empreendedora conta que sua obsessão é trabalhar pelos 35 milhões de brasileiros que não tem acesso à água, em todo Brasil, não apenas no Nordeste.
Essa jornada pessoal começou aos 15 anos, quando ela viu um convite do CNPQ para recrutamento de jovens cientistas. “Eu não sabia que para ser cientista não precisava entrar na faculdade.
Aquilo ficou na minha cabeça.
Eu tinha noção do problema da seca porque morava no interior do Nordeste” A jovem não ganhou o prêmio sonhado, mas continuou desenvolvendo o uso de garrafas pet para purificação de água, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Há hoje um milhão de usuários pelo mundo.
Há limitações (com essa tecnologia), mas em situações remotas, não existe outra solução, é algo acessível para comunidades rurais”, explica.
Ela reclama principalmente da dificuldade de receber suporte. “Sendo mulher, sendo jovem, a gente sofre, é um desafio grande.
Prêmios e aplausos não ajudam, quando se precisa de ação prática para se chegar a mais pessoas.
Eu vivo para chamar atenção para a questão da água e saneamento para as regiões menos assistidas.
Por mais que eu ganhe visibilidade (internacional até) há pouca mobilização e investimentos”, disse. “A burocracia no serviço público é infernal, elas são menos abertas à inovação.
Ter acesso a uma concorrência pública é muito complicado.
O melhor caminho seria este, de deixar tudo menos burocrático.
Ouvir as comunidade e organizações locais”, defende.
Em 2015, Ana Luisa fundou a start up SDW que desenvolve os projetos de sustentabilidade que toca. “O problema é que ainda vemos o uso da água como arma política.
Isto ainda continua.
O momento deveria ser de quebrar esses paradigmas, está tudo muito lento, temos que cumprir a meta de universalização da água.
As empresas públicas são as mais difíceis.
As companhias estatais, por sua vez, não são obrigadas a atender a população rural, vítimas da vulnerabilidade, sem voz e sem atenção” Curiosamente, a start up baiana acabou fechando uma parceria com a BRK em Alagoas, para ações sociais em uma área em que a empresa não tem obrigação de atuar. “Estabelecemos um contato com o CEO da empresa na época, ele gostou, se interessou e desenvolvemos uma ação neste sentido”, relembra.