Diogo Victor, presidente da Associação dos Delegados e Delegados de Polícia Civil de Pernambuco (Addepe), em artigo enviado ao Sistema Jornal do Commercio O ano é 2013, o atual presidente da ADEPPE é apenas o delegado titular da cidade de Cupira.
Cidade do Agreste marcada por altos índices de violência e que teve um Promotor de Justiça executado ao lado do Fórum do município.
Apesar disso, trata-se de uma cidade de povo acolhedor e trabalhador, um dos polos de confecção da região.
O então delegado titular da pequena Cupira é designado para trabalhar na Operação Ponto Final na cidade de Caruaru.
Uma das poucas Operações de Repressão Qualificada voltada para reprimir crimes de colarinho branco do Pacto da Pela Vida que tinha o foco principal na repressão do tráfico de droga, homicídio e crime patrimonial.
O ano é 2013, o então secretário executivo de Defesa Social é o atual secretário de Defesa Social, Dr.
Alessandro Carvalho.O ano é 2013, ocorre a deflagração da Operação de Repressão Qualificada denominada Ponto Final.
Dez vereadores da Câmara Municipal de Caruaru são presos acusados de integrarem organização criminosa e da prática do crime de concussão.
O ano é 2013, há apresentação para imprensa local, com repercussão nacional, da operação, dos alvos, do objeto investigativo, da individualização de cada conduta, inclusive com exposição de imagens e provas produzidas.
Dez anos de passaram.
O ano é 2023, os vereadores foram condenados em 1ª instância, recorrerem até o Supremo Tribunal Federal, mas não conseguiram anular as provas produzidas.
O processo aguarda o julgamento da apelação no TJPE desde 2016.
Confesso que não me recordo dos partidos do vereadores-alvos, mas lembro de cada detalhe da investigação e participação de cada um.
A Polícia Judiciária investiga fatos, não pessoas.
Neste caso, pouco importava a sigla do partido dos alvos.O ano é 2023, Pernambuco é governado por uma ex-delegada da Polícia Federal.
O ano é 2023, o secretário de Defesa Social é o mesmo secretário executivo de 2013 quando se deflagou a Operação Ponto Final 1 e 2 que prenderam 10 e cinco vereadores, respectivamente.
O ano é 2023, quatro vereadores de Caruaru são alvos de uma operação de repressão qualificada deflagrada pelo Departamento de Repressão à Corrupção e Crime Organizado (DRACCO).
Departamento esse que orgulho ter integrado até a minha licença classista.
O DRACCO é composto pelos melhores quadros da PCPE.
O ano é 2023, nada de apresentação na imprensa sobre a operação, nada de individualização de conduta, nada de divulgação de provas.
Não há nada que legalmente impeça.
Todo dia a Polícia divulga suas ações para mostrar o compromisso e dar uma resposta à sociedade.
Por que será que não houve apresentação?
Temos o mesmo secretário, somos governados por uma ex-delegada federal.
Será que pau que dá em Chico ou não dá em Francisco???
Dez anos de passaram e se constata uma triste realidade, justamente no mês do Servidor Público, houve uma involução na Polícia Judiciária de Pernambuco ou será uma ingerência pontual.
A Polícia Judiciária é uma polícia de Estado, não uma polícia de governo.
Essa mesma Polícia que com pouco dias prende os algozes de um Juiz de Direito, mas isso é assunto para outro artigo.