O Tecon Suape jogou água no chope da futura concorrente APM Terminals, que lançou hoje em Suape a pedra fundamental do empreendimento que fará no complexo.

O evento contou com a presença do ministro dos Portos e Aeroportos Sílvio Costa Filho e a governadora Raquel Lyra.

As críticas da subsidiária da Maersk, a APM Terminals, foram feitas há um ano, ainda no governo Paulo Câmara, mas ficaram sem resposta.

Nesta segunda-feira, reagindo ao post “Em mais um gesto de Lula com Pernambuco, ministro Sílvio Costa Filho apressa licenças para novo terminal em Suape”, publicado no Blog de Jamildo neste domingo (15/10/2023), o grupo filipino deu o puxão de orelhas público nas autoridades.

Veja os termos abaixo, com tópicos para facilitar o entendimento “Primeiramente o TECON SUAPE sempre acreditou no talento dos pernambucanos e na força econômica do Porto de Suape.

Nosso compromisso com o estado de Pernambuco vem desde 2001, quando vencemos o leilão para a operação do terminal de contêineres no Porto de Suape.

Destaca-se ainda que, hoje, a operação do TECON SUAPE representa cerca de 60% do faturamento de Suape – Complexo Industrial e Portuário.

Além disso, geramos mais de 500 empregos diretos e mais de 3.000 indiretos.

Um verdadeiro ativo econômico de todos os pernambucanos”. “É importante destacar que os preços operacionais praticados pelo TECON SUAPE obedecem a um contrato celebrado entre a empresa e o Porto de Suape, subsidiado por um estudo de movimentação do IFC/Banco Mundial, que até hoje não se consolidou”.

Anos de espera por assinatura de Suape “Em dezembro de 2017 o TECON SUAPE entrou com um pedido de repactuação contratual que já percorreu todas as etapas necessárias, sendo aprovado pela ANTAQ em 2021, faltando apenas a assinatura do Porto para sua efetivação”. “Vale destacar que a repactuação contratual, além de promover uma ampliação na sua capacidade de movimentação de cargas e redução nas tarifas, proporcionará um investimento adicional de R$ 200 milhões em novos equipamentos e infraestrutura”. “Assim, esses novos investimentos, somados a infraestrutura existente, ficarão como propriedade do Porto de Suape.

Tais investimentos garantirão que o TECON SUAPE amplie sua capacidade dos atuais 720 mil para 1,2 milhão de contêineres por ano”. … ressaltamos que o TECON SUAPE nunca foi contra a instalação de um terminal privado no porto.

Apenas preza pelo respeito à segurança jurídica como garantia central aos investimentos, bem como por uma concorrência leal e sadia para todos os participantes do mercado".

Concorrência desleal já foi criticada pelo TCU “A instalação do TUP precisa preencher todas as etapas legais necessárias.

Ademais, uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União, em 2020, apontou para uma concorrência desleal entre os portos arrendados (como é o caso do TECON) e os portos privados.

Na época foi recomendado que a ANTAQ promovesse uma concorrência mais igualitária entre as modalidades”. “Embora TUPs e portos públicos tenham interesses econômicos semelhantes, nossa auditoria observou alto nível de ociosidade dos portos públicos brasileiros, na ordem de 56%, evidenciando os efeitos negativos das diferentes exigências para autorizações e arrendamento”, destacou o ministro relator na sua decisão que foi encaminhada ao Ministério da Infraestrutura.

Procurada, a empresa APM terminals informou que não iria se pronunciar.

Não chegou hoje “O TECON SUAPE faz parte do grupo ICTSI, o maior operador de terminais independente do mundo, presente em 19 países, operando 32 terminais.

No Brasil, além de Suape, o grupo opera o Rio Brasil Terminal e outros investimentos na área de logística”.

SOLENIDADE Martin, Paulo Câmara e Roberto Gusmão, no evento da APM Terminals, em Suape, para chancelar o negócio, na semana passada - FLAVIO JAPA/SEI Reveja as críticas feitas em 2022 pela APM Terminals Em setembro de 2022, o momento também era de festa, para o governo do Estado, com a oficialização da chegada da APM Terminals, do grupo Maersk, que iria construir um terminal privativo em Suape, e os executivos da empresa de logística fizeram duras críticas ao Tecon Suape, na presença do governador Paulo Câmara.

As críticas da APMT no evento de 2022 não eram dirigidas diretamente a Suape, mas ao TECON, futuro concorrente.

Discursando em inglês, o vice-presidente de Desenvolvimento da APM Terminals, Martin Van Donhen, prometeu promover o desenvolvimento do porto e trazer mais linhas diretas com os principais mercados do mundo, mas não sem no meio da fala fazer cobranças. “Vamos resolver a ineficiência do porto de Suape e os custos caros também. É o porto mais caro do Brasil (em termos de tarifas) e isto é doloroso para os exportadores e importadores”, deixou registrado.

O diretor de Desenvolvimento da Região das Américas APM Terminals - Grupo Maersk, Leonardo Levy, foi ainda mais objetivo no discurso. “Suape é o terceiro maior em cabotagem, mas pode ser mais competitivo.

Apesar de ser o mais caro do Brasil, tem muitos resultados excepcionais”. “Hoje, uma carga demora da Ásia para cá 65 dias.

Se tiver escala direta, pode ser em 45 dias.

Isto gera economia para os importadores, podem processar as mercadorias em sua fábricas antes mesmo de pagar pelo frete.

São menos estoques, menos capital de giro, redução de custos em até 35% de armazenagem, mas o terminal precisa ser eficiente”.

O executivo então usou como exemplo a cabotagem, com uma eventual carga de arroz vindo do Rio Grande do Sul para Recife.

De caminhão, custaria R$ 25 mil.

De cabotagem, R$ 8 mil o frete. “Imagine que o navio escalou Suape, mas não conseguiu parar e operar, teve que ir adiante para outro porto.

Se extrapola (o prazo inicial previsto), imagina o aumento do frete.

Ai não tem como não ter impacto no custo final da mercadoria”, explicou. “É a eficiência que vai nos impulsionar.

Suape tem uma posição estratégica na logística nacional, mas é um gigante adormecido, pode crescer ainda mais e nós esperamos acelerar o desenvolvimento da região” Os executivos, sempre batendo na tecla da eficiência, disseram que Suape tem potencial para ser o novo hub do Nordeste, deixando para trás Bahia e Ceará, ao atrair cargas de longo curso de rotas para Ásia e Europa e vice-versa, além do potencial novo na cabotagem nacional.

Neste caso, Suape concentraria cargas que vem do Sul e Sudeste para Manaus, tomando mercado de Pecém (Ceará) e Salvador.