Por Karla Falcão e Gustavo Watts, em artigo enviado ao blog de Jamildo Justo no ano que antecede as eleições, o prefeito João Campos tomou uma decisão que tem gerado indignação entre os cidadãos do Recife.
A criação de 518 cargos terceirizados, com um custo de R$ 28 milhões para os cofres públicos, é uma ação que levanta sérias questões sobre as prioridades da administração municipal e o verdadeiro compromisso com a cidade e seus habitantes.
O que poderia ser feito com esse dinheiro?
Vamos aos números!
Para começar, esse montante representa 67% dos gastos executados pela Prefeitura em obras nas áreas de risco da cidade em 2021.
Esse é um dado alarmante, especialmente quando lembramos que ocorreu no ano que antecedeu uma das maiores tragédias da história do Recife, com 50 mortos e centenas de desabrigados devido às fortes chuvas e deslizamentos de terra.
Mas as preocupações não param por aí.
Os R$ 28 milhões gastos com esses cargos terceirizados são quase equivalentes ao valor total do orçamento previsto para o Fundo Municipal de Saneamento em 2023. É importante ressaltar que, de acordo com o Trata Brasil, mais da metade dos recifenses (56%) ainda não têm acesso ao esgoto tratado na cidade.
Esse dinheiro poderia ter sido direcionado para melhorias urgentes no saneamento básico, beneficiando diretamente a qualidade de vida dos cidadãos.
Além disso, também levando em consideração a previsão orçamentária para este ano, o referido valor é 215 vezes o montante reservado para o Fundo para Revitalização do Recife Antigo e quatro vezes o orçamento reservado para o Fundo de Empreendedorismo da cidade.
Enquanto o centro do Recife permanece em estado de abandono e a população enfrenta dificuldades na busca por empregos, é difícil compreender por que os recursos não foram direcionados para iniciativas que realmente promoveriam o desenvolvimento econômico e a melhoria da infraestrutura da cidade. É crucial questionar as motivações por trás dessa decisão.
Qual é a verdadeira prioridade do prefeito João Campos?
Por que a pasta destinada à articulação política da Prefeitura precisou ser ampliada com cargos exatamente um ano antes das eleições?
Essas são perguntas que merecem respostas, pois estão diretamente ligadas à responsabilidade e à prestação de contas para com os cidadãos do Recife.
Ao optar por gastar uma quantia significativa dos recursos públicos em cargos terceirizados, o prefeito parece estar mais preocupado em manter-se no poder do que em atender às necessidades reais da cidade.
Pintar uma fachada positiva nas redes sociais não pode substituir ações concretas que melhorem a vida dos recifenses.
Neste momento crítico, é fundamental que a sociedade exija transparência, responsabilidade e um compromisso genuíno com o bem-estar da cidade.
O Recife merece uma liderança que coloque os interesses da população em primeiro lugar, acima de qualquer interesse pessoal ou político.
Afinal, o futuro da cidade não pode ser comprometido em nome de ambições individuais.
Karla Falcão é mestra em direção de projetos pela Universidade de Valladolid, na Espanha, e ativista política em defesa da transparência, responsabilidade fiscal, liberdade e direitos humanos. É co-fundadora do movimento Livres e nas últimas eleições municipais conquistou 4.780 votos para vereadora do Recife pelo Cidadania.
Gustavo Watts é internacionalista formado pela Faculdade Damas.
Atua no mercado de importações e é co-fundador do Livres.
Veja a nota enviada ao blog de Jamildo, nesta terça “A Prefeitura do Recife informa que o contrato, cujo extrato foi publicado no Diário Oficial do Município no último sábado (23), é resultado de adesão a uma ata de registros de preços e que substituirá um contrato vigente desde 2018, cuja vigência se encerrando próximo mês de outubro.
A ata, que atende aos princípios da administração pública, como economicidade e ampla concorrência, por exemplo, foi licitada pela gestão municipal e os empregos serão preenchidos sob demanda, conforme a necessidade da administração”.