Alcides Cardoso, líder da oposição na Câmara do Recife, denunciou que quase mil dias após a compra de 14.000 instrumentos musicais por R$ 10,8 milhões pela Prefeitura do Recife, 40% deles permanecem sem uso e armazenados em um galpão na Muribeca, Jaboatão dos Guararapes.

O percentual foi informado pela própria administração municipal em 31 de julho deste ano em resposta a um pedido de informação.

De acordo com o vereador, o prejuízo aos cofres da cidade com esses instrumentos ociosos é de R$ 4,3 milhões.

Cardoso subiu à tribuna para rebater o discurso da vereadora Ana Lúcia (Republicanos), membro da base do prefeito João Campos (PSB), que, sem citar nominalmente o líder da oposição, disse que daria “uma resposta a esta Casa e dizer onde estão os instrumentos que foram denunciados aqui nesta tribuna por um vereador”. “Vereadora Ana Lúcia, com todo o respeito que tenho por minha nobre colega, é espantoso que você diga que vai dar uma resposta sobre a localização dos 14.000 instrumentos musicais quando sabe muito bem sobre minha firme inspeção desta compra superdimensionada e sem licitação no valor de R$ 10,8 milhões.

Prestes a completar 1.000 dias este mês desde esta compra, feita nos últimos dias da administração de Geraldo Julio, ainda causa perda de dinheiro público, já que 40% dos instrumentos musicais permanecem empilhados e sofrendo com o tempo em um galpão em Jaboatão”, disse o vereador.

Em outra parte do discurso de Ana Lúcia, ela informou que 4.920 instrumentos e 4.920 estantes de música foram distribuídos pela administração nas escolas. “Você ainda vai me perguntar ‘tem instrumentos lá?’ Sim, claro, precisamos ter uma reserva para fazer substituições”, disse a membro do governo. “Vereadora, não existe isso de fazer reserva ou estoque para possíveis substituições.

Afinal, R$ 4,3 milhões estão sendo desperdiçados com 40% dos instrumentos musicais empilhados no galpão e ainda sofrendo com o tempo.

Outra questão, se você como membro da bancada do governo João Campos fala em reserva, então está confirmando que a compra de 14.000 instrumentos musicais foi superdimensionada.

Afinal, a quantidade comprada seria suficiente para criar 500 novas bandas escolares.

E lembro que a compra está sendo investigada pelo Tribunal de Contas de Pernambuco e pelo Ministério Público Estadual”, contra-argumentou Alcides Cardoso. “A administração teria que fazer o que eu defendo há muito tempo: promover parcerias”