Os números da violência fazem parte do relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado, lançado nesta segunda-feira (04) e enviado ao blog de Jamildo, nesta tarde.
Ao menos 11 mulheres foram vítimas da violência armada na região metropolitana do Recife em agosto deste ano.
Entre as vítimas, cinco morreram e seis ficaram feridas.
Em média, é como se mais de duas mulheres fossem baleadas por semana.
O relatório aponta que, no acumulado dos primeiros oito meses do ano, 123 mulheres foram baleadas no Grande Recife, sendo que 64 delas morreram e 59 ficaram feridas.
Leia Também Após saída de Carla Patrícia da SDS, Associação dos Delegados de Polícia diz temer futuro da segurança pública Entre as 123 mulheres baleadas nos primeiros oito meses de 2023, oito foram vítimas de feminicídio/tentativas de feminicídio por arma de fogo.
Entre elas estava a técnica de enfermagem Manuela Tenório, morta no último dia 13 de agosto, em uma festa do Dia dos Pais, no bairro da Guabiraba, na Zona Norte do Recife.
Manuela foi morta a tiros pelo ex-namorado, o cabo da Polícia Militar Rodrigo José Fortunato da Silva.
Ao tentar apartar a briga, o cantor de brega funk MC Serginho Porradão também foi morto a tiros.
Dias após o crime, o PM foi encontrado morto com tiro na cabeça dentro de um carro.
Também em agosto, duas mulheres não foram baleadas, mas foram mantidas reféns por um homem que era filho de uma delas e marido da outra.
O caso aconteceu dentro do apartamento onde moravam no edifício Rosa Garden, no bairro do Rosarinho, Zona Norte do Recife.
Segundo testemunhas, o homem estaria em processo de divórcio com a esposa, e no momento do ocorrido, houve uma discussão e ele teria ameaçado as mulheres com o uso de uma arma de fogo.
Segundo a entidade, apesar de não ter havido nenhum disparo, este caso é mais um alerta para os riscos que as mulheres são expostas diariamente pelo emprego da arma de fogo. “Algumas mulheres são vítimas da violência armada apenas por serem mulheres.
O feminicídio é um terror presente na vida das mulheres e, infelizmente, todos os meses ficamos sabendo de casos brutais.
A presença das armas de fogo em contextos de violência doméstica aumenta o risco para as vítimas”, explica Ana Maria Franca, Coordenadora Regional do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco. “A alta vitimização dos tiroteios é uma característica forte em Pernambuco.
Por aqui os tiros têm endereço certo e alvo definido e muitas dessas vezes sobra até para mães, esposas, companheiras de vida que, por estarem acompanhando a vítima principal, também se tornam alvos da violência. É preciso parar esse ciclo de mortes e de violência na região metropolitana do Recife.
Por isso, dados sobre violência armada são tão importantes, sem eles não há como produzir políticas públicas efetivas e que enfrentem esse problema. É urgente desenvolvermos ações voltadas para a preservação da vida e proteção das mulheres”, completa a coordenadora.
Violência também dentro de casa De acordo com o Fogo Cruzado, os moradores da região metropolitana do Recife viram a violência chegar inclusive dentro de casa.
Ao menos 25 pessoas foram baleadas em agosto quando estavam dentro de casa. 23 delas morreram e somente duas sobreviveram.
Em agosto de 2022, quatro pessoas foram baleadas dentro de casa: três delas morreram e uma ficou ferida.
Entre as vítimas, um homem foi morto a tiros dentro de casa na frente do filho, uma criança de 5 anos, que não se feriu.
O caso aconteceu em Camela, em Ipojuca, no dia 15 de agosto.