O professor e mestre em Economia Política, André Galhardo, consultor econômico, traz análises sobre os principais eventos econômicos da semana.
A prévia do índice oficial de preços no Brasil (IPCA) deve capturar parte dos aumentos dos combustíveis anunciados recentemente pela Petrobras.
Apesar da frustração do IPCA relativo ao mês de julho, que veio ligeiramente acima da mediana das expectativas de mercado, indicadores de alta frequência apontam acomodação dos preços no país, com novos episódios de deflação na margem.
Apesar desse cenário relativamente benigno, o recente aumento dos preços da gasolina e a melhora no mercado de trabalho podem diminuir bastante o ritmo de desinflação no mercado doméstico.
Por outro lado, o repasse da deflação na base da cadeia produtiva, sobretudo no setor de alimentos, pode colaborar para a continuidade do movimento atual de desinflação.
Reunião do BRICS pode trazer impacto ao mercado de câmbio A reunião do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - conjunto econômico formado por países considerados emergentes), que acontece de 22 a 24 de agosto, pode ser marcada pela tentativa de materializar os primeiros passos na direção da criação de uma moeda comum usada em transações comerciais entre os membros do grupo e demais países que manifestaram interesse em compor uma coalizão para enfraquecer os poderes coercitivos do dólar.
Embora exista a dificuldade da criação de uma moeda comum e a engenharia por traz de um mecanismo que permita tal feito, o evento pode estender o movimento de valorização do dólar sobre as moedas não conversíveis como o Real e o Peso Mexicano, por exemplo, porque traz ainda mais incertezas sobre os alinhamentos geopolíticos de países asiáticos, latino-americanos e africanos com a China e os Estados Unidos.
Problemas imobiliários devem forçar o Banco Central chinês a fazer novos relaxamentos na política monetária Depois de cortar as suas principais taxas de juros, o Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) deve optar por distender o ciclo de redução das taxas no começo da próxima semana.
Membros do banco falaram publicamente sobre o compromisso da autoridade monetária em promover um ambiente de maior liquidez e segurança econômica diante dos graves problemas enfrentados pelas empresas do setor imobiliário local.
Simpósio de Jackson Hole deve elevar expectativa de novos aumentos de juros nos Estados Unidos Apesar de a maioria do mercado ainda projetar a manutenção da taxa de juros dos Estados Unidos na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), em setembro, os últimos dados da atividade econômica sugerem que essa não é uma questão tão óbvia.
O volume de vendas no comércio varejista e a produção industrial, ambos indicadores relativos ao mês de julho, mostraram força adicional e surpreendente da economia norte-americana, enquanto o mercado de trabalho emite sinais de resiliência, a despeito de neste caso os dados mostrarem alguma acomodação.
O grande problema além destes diretamente relacionados à atividade e ao mercado de trabalho está na possibilidade de desancoragem das expectativas.
Os juros dos títulos americanos de 10 anos estão nas máximas em mais de uma década e refletem tanto o risco de uma retomada da inflação quanto o crítico quadro fiscal dos Estados Unidos.
Por fim, o recente aumento nos preços do barril de petróleo pode provocar em agosto a maior taxa mensal inflação em mais de um ano.
Dados do setor externo brasileiro devem mostrar continuidade da deterioração das contas No Brasil, dados do setor externo relativos ao mês de julho devem mostrar continuidade da deterioração das contas de renda primária e investimento produtivo.
Apesar de não se configurar um risco para as contas externas brasileiras dado o colchão de liquidez à disposição do governo os bons resultados em transações correntes estão condicionados aos fortes saldos comerciais positivos.
Fora isto, o que se vê é um aumento do volume de repatriação de lucros, dividendos e juros aos países desenvolvidos.
Movimento natural e esperado diante da desaceleração.