Um dia antes da reforma administrativa no Cabo, a médica Ana Maria Martins Cézar de Albuquerque, com diplomacia, diz que dignificou a participação feminina na composição do quadro de Secretariado Municipal, mas ressalva “ser evidente e latente o necessário combate à misoginia que se estabelece nos espaços de Poder”.
Leia Também No Cabo, Keko do Armazem promove reforma administrativa Veja os termos da carta abaixo Nossa vida é feita de ciclos.
Ciclos que se iniciam e ciclos que se fecham.
Há exatamente dois anos e meio recebi o convite para compor a equipe do Prefeito Keko do Armazém, como titular da pasta da Saúde.
Senti-me honrada pelo convite, que veio através do reconhecimento profissional, pois diga-se, não houve indicação política do meu nome.
Fui informada que meu currículo foi fornecido pela TGI CONSULTORIA.
Quando nosso currículo passa ser nossa apresentação é sinal de que nossa trajetória profissional tem lastreado nosso compromisso com o serviço público.
Dessa forma, eu sou uma profissional de Saúde, formada em Medicina pela Universidade Estadual de Pernambuco, tenho dedicado meus últimos 30 anos de serviço a implementação de Políticas de Saúde Pública.
Assim, sendo médica sanitarista, mergulhei ao longo desses últimos trinta anos em fazer a saúde pública como sacerdócio, pois compreendi que a medicina que é praticada nos hospitais, clamava por gestores que fossem atentos a necessidade de população que tem como único e último recurso o serviço universalizado de saúde que tenho orgulho de pertencer, o SUS.
Dessa forma, fazendo a minha parte busquei garantir o correto emprego dos recursos públicos, que são escassos por natureza, e que assim pudessem ser utilizados com a observância dos princípios norteadores da Administração Pública, estabelecidos na Carta Política de 1988.
Assim, ao longo de minha trajetória tive a honra de ser a titular da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, ser Secretária Municipal de Saúde de Caruaru, Secretária Municipal de Saúde de Olinda, Secretária Executiva de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, Vice Presidente do HEMOPE, e por fim Secretária Municipal de Saúde do Cabo de Santo Agostinho.
Registre-se ainda, que sou servidora efetiva da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco.
Assim creio que a minha longínqua jornada profissional me credenciou para ser convidada a assumir o desafio no Município do Cabo de Santo Agostinho, a convite do Exmo.
Sr.
Prefeito Keko do Armazém. É importante registrar que aceitamos a missão no meio do maior desafio da humanidade pós moderna, a Pandemia provocada pelo COVID19.
Assim iniciarmos nossa jornada nesse município com a preocupação de vacinar os munícipes do Cabo de Santo Agostino, tarefa desafiadora, mas que de forma exitosa fomos o primeiro município da região metropolitana a atingir a cobertura vacinal em 100% da população cabense.
Vencida a etapa vacinal e os desafios da pandemia, foi necessário voltar-se para a retomada de toda atividade ambulatorial que ficou suspensa enquanto perdurou o período pandêmico, razão pela qual o desafio agora passou a ser administrar com a escassez de recursos a grande demanda reprimida que se estabeleceu.
Junte-se a isso a recuperação das estruturas de 40 (quarenta) unidades de saúde, além do abastecimento dos insumos.
Desafiadora é a missão, pois, na prática, o município do Cabo de Santo Agostinho, possui a maior rede de saúde dentre os munícipios da região metropolitana, a exceção da capital.
Assim nosso atendimento sempre teve como foco, além da população cabense, os pacientes dos municípios limítrofes.
Historicamente, nos últimos dez anos os investimentos em saúde no município do Cabo sempre foram acima dos 21%, ou seja, acima do investimento constitucional obrigatório, razão pela qual faz com que a rede municipal de saúde demande por recursos significativos, o que irá sempre levar a alta gestão a ter que fazer escolhas difíceis, porém essas escolhas, até aqui, sempre foram pela manutenção de todos os serviços, e por isso o alto custeio. É importante que se registre que política pública de saúde deve sempre ser isonômica, e universal, razão pela qual não é possível nem admissível que haja interferências na busca de privilégios de alguns poucos em detrimento de muitos que ficam desassistidos.
Assim, nossa postura na busca de garantir que a todos fossem fraqueadas as mesmas oportunidades, nem sempre é vista com bons olhos, quando não se compreende que a boa política não é a que privilegia uns poucos, mas que se franqueia de maneira isonômica e equânime a todos, pois afinal, os recursos saem de uma única fonte que são dos impostos de todos.
Assim essa é a austeridade que marca minha trajetória, a austeridade que busca a proteção do direito a todos a saúde pública.
Não menos importante é o registro do trabalho realizado com foco no atendimento que pode ser implementado dentro da gestão da pasta da saúde.
Cita-se o período de 2021 a 2022, onde temos um ciclo completo e que se contrapõe aos discursos retóricos e desprovidos de quaisquer nexo causal, muito mais provocado pelo enviesamento politico-eleitoral, do que a situação real da saúde do Cabo de Santo Agostinho, mas que por muitas vezes as vozes dominantes daqueles que não tem o atendimento de seus interesses atendidos, utiliza-se de meios espúrios e difamatórios na tentativa de macular o trabalho desenvolvido.
Assim, trago ao conhecimento de todos os números que dizem por si só o resultado do esforço de um time de profissionais da saúde: Esse quadro evidencia a evolução na cobertura da Atenção Básica que deve ser a prioridade da politica pública municipal, onde ficou registrado o crescimento de 62,23% para 75,35%, de cobertura ou seja, houve um incremento de 13,03%, mesmo com toda dificuldade e escassez de recursos.
Assim, constata-se que é prova inconteste que houve avanço no serviço de saúde no curso do atual governo.Uma vez que houve o aumento da cobertura, aliado a uma ciosa gestão e supervisão na assiduidade e produtividade dos profissionais, culminou no aumento do número de atendimentos na Atenção Básica o que se demonstra através do quadro a seguir: Não somente a Atenção Básica, mas também, os serviços especializados, a partir de uma política de maior controle de assiduidade resultou em um avanço que refletiu no aumento de aproximadamente 70% se comparado a gestão anterior e a atual gestão da saúde, conforme demonstração a seguir: Tão desafiador quanto manter uma política pública de saúde universalizada no campo da Atenção Básica é atender a demanda da sociedade nos serviços de urgência e emergência, uma vez que, via de regra, esse é o momento onde o nível de stress tanto do profissional quanto do familiar é altíssimo, o que requer gestão para manter a quantidade adequada de profissionais na ponta do atendimento, escalas completas em número suficiente, e assistir com a agilidade e eficiência que se requer em momentos críticos.
Mesmo diante de uma missão árdua é possível comprovar que a gestão da secretaria de saúde suplantou os desafios conforme pode ser constatado com os dados a seguir: Além dos procedimentos de urgência e emergência, é crucial que se destaque os números de internações hospitalares, que refletem os seguintes aspectos: abastecimento de insumos na rede de saúde, escalas médicas e infraestrutura das unidades, condições, essenciais, para que possam ocorrer os internamentos, e isso pode ser demonstrado através do gráfico a seguir: É essencial que se traga ao conhecimento os avanços que foram registrados no atendimento aos exames USG e Raio X, que demonstram um incremento de pelo menos 22% em USG e 116% em Raio X, considerando a gestão anterior e a gestão que iniciamos em 2021, tendo inclusive sido adquirido um novo aparelho de Ultrassom USG, para a Maternidade Padre Geraldo.
Assim como o trabalho de gestão da saúde demonstra também os resultados obtidos no atendimento aos exames laboratoriais, com crescimento de 155% quando comparado com a gestão anterior, e diga-se, utilizando a mesma estrutura laboratorial e contratual. É crucial fazer uma análise sobre o que vem sendo construído na saúde do Cabo, e quais são as premissas que delineiam as tomadas de decisões.
Acredita-se que pesquisas qualitativas quando são realizadas sobre o tema da saúde, questiona-se a partir de uma fotografia que será tirada a depender do enviesamento do pesquisado e do pesquisador.
Porém é salutar que se faça a análise de um serviço a partir dos dados coletados dentro do sistema de gestão da saúde, pois quando confrontados com pesquisas irá demonstrar no mínimo uma distorção entre o que se é dito e o que de fato foi feito.
O que traz graves consequências para o reconhecimento da verdadeira identidade da política de saúde pública que se oferta, pois há uma tendência, por força de discursos opinativos desprovidos da cientificidade, que o caso requer, de buscar dar resposta desconexa ao invés de celebrar as conquistas que os números demonstram.
O guia para tomada de decisão na saúde, deverá sempre ser os dados epidemiológicos e não pesquisas de opinião onde se busca um opinativo sem a idoneidade necessária, e com um grau de generalismo que não consegue expressar a real necessidade e anseio da população. É importante que entre os infinitos desejos populacionais e as limitações de recursos se faz necessário a observância do conhecido princípio da reserva do possível.
Não obstante os expressivos números registra-se da mesma forma o amplo atendimento da população cabense no que se refere em novos serviços que foram implantados como a Ortopedia no Hospital Mendo Sampaio, em plantões 24 h, o Centro Integrado Infanto Juvenil, que qualificou a assistência às crianças e adolescentes portadores de deficiência de forma importante.
Foram ainda implementados coleta de exames domiciliar, vacinação domiciliar, o Serviço de Atenção Domiciliar foi premiado com repercussão nacional, além do CEREST, que é o Centro de Referência de Saúde do Trabalhador que registrou números significativos sendo considerado o primeiro lugar no Estado de Pernambuco.
O gráfico demonstra o grande avanço que coloca a Saúde do Cabo de Santo Agostinho em destaque no Estado de Pernambuco.
O CEREST, do Cabo não tinha qualquer reconhecimento e hoje colocou o Cabo de Santo Agostinho como referencia Estadual e Nacional pelos Ministério da Saúde e Ministério Público do Trabalho.
Por fim, registram-se as reformas e manutenções das unidades de saúde, em média de 40 (quarenta) por ano, que possibilitaram um melhor atendimento para a população.
Embora não sendo costumeiro, no momento que se apresenta um pedido de exoneração trazer a memória os feitos, sinto-me na obrigação de uma breve prestação de contas de nosso empenho e dedicação na busca de honrar o convite que nos foi feito para colaborar com a gestão do Prefeito Keko do Armazém.
Agradeço a colaboração de todos os profissionais da saúde que sem os quais não teria realizado tão grande trabalho.
Ainda registra-se a parceria do Conselho Municipal de Saúde e a contribuição irrestrita do Ministério Público de Pernambuco, na pessoa da Promotora de Justiça Alice de Oliveira Morais, e ao colegas Secretários que sempre nos apoiaram nessa árdua missão, pois sou cônscia de que Saúde Pública não se faz sozinha, é necessário a participação de todos.
Diante de um cenário desafiador para o desempenho da mulher em posição de liderança, chego ao fim desse ciclo com a convicção que dignifiquei a participação feminina na composição do quadro de Secretariado Municipal, uma vez que é evidente e latente o necessário combate a misoginia que se estabelece nos espaços de Poder.
Por fim, ao Prefeito Keko do Armazém, meus mais sinceros agradecimentos pela confiança a mim depositada com o desejo de que tenha a clareza e o discernimento peculiares aos grandes líderes a fim de que se alcance resultados na implementação de políticas de saúde pública que respondam aos anseios de seus 203.000 munícipes cabenses.
Peço licença ao grande poeta Português, Fernando Pessoa, para expressar o sentimento que levo desse tempo vivido: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
ANA MARIA MARTINS CÉZAR DE ALBUQUERQUEMédica CRM 10.117