Um dia depois da governadora Raquel Lyra realizar um evento para anunciar as diretrizes para um novo plano de segurança, o Instituto Fogo Cruzado informou que a região metropolitana do Recife chegou ao marco de 1.000 tiroteios/disparos de arma de fogo em 2023.

O milésimo tiro foi registrado no dia 23 de julho, quando um homem foi morto e outro ficou ferido ao serem baleados na Avenida Pan Nordestina, em Olinda.

Do total de tiroteios registrados pelo Instituto Fogo Cruzado neste período, 51 deles (5%) ocorreram em ações e operações policiais.

Em 2022, o marco foi atingido em 30 de julho.

Com uma média de cinco tiroteios por dia, 1.140 pessoas foram baleadas até o marco dos 1.000 tiroteios: 812 morreram e 328 ficaram feridas.

Em 97% dos 1.000 tiroteios houve mortos e/ou feridos. “Pouco tem sido feito para melhorar a segurança pública de Pernambuco.

Tanto é assim que o marco de mil tiroteios em 2023 é muito próximo daquele de 2022.

O estado chama atenção pelos seus altos índices de violência, mais de 90% dos tiroteios resultam em mortes, mostrando uma falta de ação política para mudar essa tendência violenta.

Pernambuco já foi referência nacional de transparência de dados, e desde 2017 perdemos esse título.

Hoje o que se vê é uma falta de informação para compreender o problema da segurança pública, e falta de ação política para solucionar os problemas e proteger a população”, avalia Ana Maria Franca, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco.

Entre os baleados, cinco eram crianças (duas mortas e três feridas), 51 adolescentes (34 mortos e 17 feridos), 1.050 adultos (752 mortos e 298 feridos) e nove idosos (seis mortos e dois feridos).

Houve ainda 27 pessoas mortas e outras sete feridas com idade não informada.

E um bebê morto a tiros quando ainda estava no útero.

Veja mais alguns destaques da marca de 1.000 tiroteios/disparos no Grande Recife Entre os 1.140 baleados no período, foi possível identificar a cor/raça de 504 deles. 340 mortos e 25 feridos eram negros; e 129 mortos e 10 feridos eram brancos. 1.028 homens foram baleados: 753 morreram e 275 ficaram feridos; 106 mulheres foram baleadas: 58 morreram e 48 ficaram feridas.

Entre as mulheres baleadas, sete foram vítimas de feminicídios/tentativas de feminicídio (três morreram e quatro conseguiram sobreviver). 126 pessoas foram baleadas quando estavam dentro de casa (112 mortas e 14 feridas); Outras 35 foram baleadas quando estavam dentro de bares (24 mortas e 11 feridas); 14 foram atingidas dentro de barbearias (nove mortas e cinco feridas); Oito foram baleadas dentro de presídios da região metropolitana (uma morta e sete feridas); E duas foram mortas a tiros quando estavam dentro de unidades de ensino.

Ao menos 29 pessoas foram vítimas de balas perdidas: três delas morreram e 26 ficaram feridas.

Ao todo, 12 agentes de segurança foram baleados até o marco dos 1.000 tiroteios: sete morreram e cinco ficaram feridos.

Entre os trabalhadores informais, seis entregadores/motoboys foram mortos e dois ficaram feridos; seis motoristas de aplicativo foram mortos e três ficaram feridos; quatro mototaxistas foram mortos e três ficaram feridos; e quatro vendedores ambulantes foram mortos e um ficou ferido.