Na sua primeira visita à Fiepe, depois de ter assumido o comando do Banco do Nordeste (BNB), o ex-governador Paulo Câmara foi bastante claro e objetivo.

Ele sugeriu que os empresários pernambucanos e a classe política deveriam seguir o exemplo dos cearenses, unindo-se acima das diferenças políticas.

Voltando um pouco no tempo, é possível lembrar do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e sua dificuldade de lidar com Pernambuco.

Ele costumava afirmar que era difícil atender as demandas do Estado porque Jarbas Vasconcelos não se entendia com Miguel Arraes e vice-versa.

Quando teve a oportunidade de governar, Eduardo Campos deve ter aprendido estas lições porque soube unir oposição e governo em um projeto de desenvolvimento para o Estado.

A oposição praticamente inexistia, enquanto Lula ajudou o Estado com recursos em várias áreas.

Ao que parece, no território ’neutro’ da Fiepe, a governadora Raquel Lyra e o PT de Humberto Costa, agora reforçados pelos dissidentes do PSB, como Danilo Cabral e Paulo Câmara, podem estar sinalizando com a bandeira branca da paz, em nome da harmonia e desenvolvimento.

O presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, durante encontro com empresários na sede da Fiepe, no Recife - Jamildo Melo/JC O blog de Jamildo foi a única coluna eletrônica a apontar a formação deste novo grupo político, no Estado, no dia do almoço em homenagem a Paulo Câmara, em Boa Viagem.

Com efeito, Lula tem aberto os cofres para a governadora Raquel Lyra e prestigiado sua figura em vários eventos públicos, seja no Geraldão no Recife ou no Planalto.

Agora mesmo, acaba de repassar os primeiros R$ 650 milhões do Banco do Brasil para obras nas estradas.

De acordo com tucanos, há de fato conversas internas entre o PSDB e o PT para que Humberto Costa seja o senador do governo em 2026, quando Raquel Lyra vai disputar a reeleição.

Com o PT de Lula tendo o seu espaço assegurado, Raquel Lyra poderia desempenhar o papel de liderança que uma vez Lula empoderou Eduardo Campos.

Conta-se nos bastidores que Raquel Lyra tem fixação no nome de Eduardo e compara-se a ele com bastante frequência.

A oportunidade pode ter chegado.

No mesmo dia da descida geral do palanque, na Fiepe, o senador Humberto Costa fez questão de visitar a governadora tucana no Campo das Princesas, em um ato mais simbólico do que administrativo.

O prefeito do Recife, João Campos (PSB) e o presidente Lula (PT) em evento de relançamento do PAA, no Recife. - RODOLFO LOEPERT/PREFEITURA DO RECIFE Marília Arraes com João Campos e Raquel Lyra com Lula O blog de Jamildo já informou que, nos bastidores, o PT conta que não ficou muito satisfeito com as movimentações de João Campos em direção à Marília Arraes, do Solidariedade.

João Campos chamou a vereadora do Recife para a pasta de defesa animal.

Com a manobra, a suplente Aline Mariano, próxima à Marília, assumiu um mandato.

A jogada foi vista como uma forma de isolar uma possível opositora, que aparece sem segundo lugar nas intenções de voto, ampliando as forças e alijando o PT nas discussões. “Pelo que temos visto, João Campos quer trabalhar pela posição mais cômoda.

Caso Raquel Lyra esteja bem nas pesquisas, ele fica na prefeitura.

Caso ela não esteja bem, ele é candidato, ao lado de Silvio Costa Filho e Marília.

Se isto for verdade, vai ser ruptura.

As coisas tem limite e Lula não vai deixar arruinar o PT em Pernambuco”, explica a fonte do blog. “No evento do Geraldão, ele disse que Raquel Lyra estava do outro lado, mas, a depender das negociações, Lula pode perfeitamente abraçar Raquel Lyra”.

Petistas com o pé atrás No começo de junho, o blog de Jamildo já havia informado que os petistas contam que já haviam achado estranho João Campos ter dado a secretaria de habitação ao partido, mas criar uma estrutura nova, com o Promorar, para cuidar dos recursos do Bird, por exemplo.

A iniciativa foi vista como uma esperteza, para não dar maior visibvilidade aos aliados, com a volta do Minha Casa Minha Vida, Lula no poder e uma secretaria municipal para tocar as obras.

Passado o episódio, o PT queria “amarrar” João Campos desde já. “Ele é novo, não tem porque sair logo candidato ao governo em 26 depois de se reeleger em 24.

Nestas condições é que, se o PT não tiver a vice de João Campos na reeleição, não terá acordo.

Para nós, é uma garantia para o PT.

João Campos está bem nas pesquisas, mas está se agarrando em Lula e sabe que precisará de apoio do PT.

Ninguém vence eleição de véspera” “A parceria com João Campos no governo local implica na abertura para composições.

Ele mesmo sabe os sacrifícios que o PT já fez em três eleições, começando com 2006”, explica o interlocutor petista, em junho ainda.

Na conta, o partido cita ainda as eleições de 2018, com Marília Arraes e 2022, quando Humberto Costa saiu do caminho, abrindo mão de uma candidatura do partido por conta das composições nacionais. “Por isto, este encontro dois dois no Recife vai ser um divisor de águas.

Nós vemos um espaço para renovação, com a colocação do nome Humberto Costa.

Ele precisa ter a garantia da renovação do mandato.

O melhor dos mundos seria um acordo completo, com um vice do PT no Recife e apoio do PSB a Humberto em 2026”.