Os profissionais do Metrô do Recife estão perto de realizar a primeira greve do Governo Lula em 2023.

Terminado o primeiro semestre da gestão, um dos principais pleitos de especialistas, parlamentares e dos trabalhadores, que era a retirada da Companhia Brasileira de Trens Urbanos no Plano Nacional de Desestatização (PND) não foi realizado.

O sistema sofreu um forte processo de sucateamento desde que entrou na rota definida pelo Governo Bolsonaro de privatização da empresa.

Em entrevista concedida a uma rádio local, o presidente do Sindmetro-PE, Luis Soares, informou que haverá uma assembleia com a categoria na próxima quarta-feira (12) com indicativo de paralisação.

A paralisação imediata do sistema terá inicio às 22h de hoje.

Com isso, não haverá Metrô nesta quinta-feira, 13 de julho.

O presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, iniciou a assembleia fazendo um histórico de lutas e articulações políticas recentes para que as demandas da categoria fossem realizadas. “Essa direção desde o primeiro momento até agora busca o diálogo como o principal ponto de negociações.

Mas, infelizmente, assim como o governo anterior, esse novo governo continua com o desejo de privatizar o sistema e diremos não.

Não à privatização e sim a um metrô federal estatal e de qualidade”, disse.

O vice-presidente do Sindmetro-PE, Assis Filho, destacou a necessidade de união neste momento. “O Acordo é coletivo e não podemos tomar decisões individuais. É o momento de nos unirmos, de parar o sistema e juntos fecharmos as estações.

Por nossos empregos, por nossas famílias, pela população pernambucana que merece um transporte de qualidade.

Vamos à luta”, solicitou. “O presidente do Sindicato dos Metroviários, Luiz Soares, critica a falta de compromisso do Governo Lula com a recuperação do sistema de transporte sobre trilhos da Região Metropolitana do Recife.

Seis meses após a transição da presidência, a CBTU segue na rota traçada pelo Governo Bolsonaro de privatização.

De acordo com o líder sindical, além de seguir com os planos do Governo Bolsonaro de privatização para o sistema, o Governo Lula ainda recuou em uma negociação do novo acordo coletivo com os metroviários, que já estava negociado com a CBTU. “A gente está no processo de privatização da CBTU, onde inclui o Metrô do Recife.

Além disso, temos um acordo coletivo, que estava praticamente fechado com a empresa.

Mas de última hora recebemos a notícia de que a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais não aceitou a nossa proposta, onde a negociação é entre empresa e os sindicatos.

Acertamos um acordo e na hora da categoria aprovar, simplesmente a empresa apresentou outra proposta”, revelou o presidente Luiz Soares.

O Sindmetro-PE anunciou uma assembleia para a próxima quarta-feira (12), que acontecerá na Estação Recife, com a possibilidade de paralisação do sistema. “Isso não é só pela questão do acordo, como pelo processo de privatização que está ocorrendo e pelo sucateamento do sistema.

Precisamos ter um Metrô de qualidade.

Estamos pedindo recursos, mas até o momento o que foi oferecido é muito pouco para atender a população com um metrô de qualidade”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Luiz Soares.

Além da comunicação com parlamentares e tentar uma agenda com a presidência, Luiz Soares informa que aguarda também uma reunião com a governadora Raquel Lyra, que até agora não aconteceu. “Já encaminhamos vários ofícios para a Governadora.

Queremos sentar para mostrar a situação do Metrô do Recife, que a saída não é a privatização, mas a recuperação”.

A posição dos metroviários, também endossada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), é de manutenção da empresa pelo Governo Federal. “O Governo Federal tem que assumir o compromisso do Metrô do Recife, não pode jogar isso na mão de ninguém.

Com a falta de compromisso do presidente Lula, que assumiu com a gente o compromisso de não privatizar o sistema.

Eu quero colocar isso para a governadora, para que ela possa junto conosco buscar os recursos necessários para termos um metrô funcionando com qualidade, estatal-federal.

E ela cobre isso do Governo Federal, junto conosco.

O sistema vai parar porque não aguentamos mais essa situação da falta de compromisso do governo do presidente Lula, que não tem investido o suficiente no momento e ainda tem ministro dentro do Governo dele defendendo a privatização”.

Sucateamento O Metrô do Recife por pouco não foi privatizado no final dos anos 90, durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, quando ocorreu a primeira onda de sucateamento do sistema.

Todo o transporte sobre trilhos estava na rota das privatizações do Governo Federal.

Na época, no entanto, apenas a Rede Ferroviária Federal, que fazia o transporte de cargas sobre trilhos, passou para a gestão da iniciativa privada.

Sem condições de manter o serviço, há mais de 10 anos nenhuma carga é transportada por trilhos em Pernambuco, mesmo tendo no Estado o principal complexo portuário do Nordeste.

Mesmo com aportes bilionários na ferrovia, o Estado não voltou a contar com o serviço de transporte de cargas.

Após a primeira onda de sucateamento, o transporte de passageiros sobre trilhos no Recife voltou a receber investimentos nos primeiros mandatos do Governo Lula, com a expansão do sistema para a Linha Sul e a reforma dos trens antigos, e no Governo Dilma, com a aquisição de novos trens e VLTs.

Durante o Governo Bolsonaro, no entanto, voltou ao radar da privatização, quando foi inserido no PND.

Nos últimos dias antes de concluir o mandato, a gestão do ex-presidente realizou o leilão do Metrô de Belo Horizonte.

O sistema sobre trilhos da capital mineira, que foi concedido para a Comporte Participações S.A., representada pela corretora Guide Investimentos, aumentou em 17,78% a tarifa da passagem, que chegou a R$ 5,30, uma das mais caras do País.”