Um projeto bilionário para construção de uma escola do Exército dentro de uma APA (Área de Proteção Ambiental) no Grande Recife está sendo questionado por ambientalistas por causa do desmatamento previsto em área de mata atlântica.
Entidades têm pressionado o governo Lula a rever o local da futura Escola de Formação e Graduação de Sargentos de Carreira do Exército, escolhida ainda na gestão Bolsonaro.
Pernambuco concorreu com Paraná e Rio Grande do Sul pela escola.
A pedra fundamental foi lançada em março de 2022 com a presença do então presidente Jair Bolsonaro.
Pelo projeto, a escola vai ficar na área do município de Abreu e Lima (região metropolitana do Recife), mas a APA abrange outros cinco municípios: Araçoiaba, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Igarassu e Paudalho.
Haverá um desmate de 188 hectares, área equivalente a 174 campos de futebol, para a construção do local, dizem entidades ligadas ao meio ambiente.
A APA seria justamente a mais preservada do estado.
O projeto está orçado em R$ 1,8 bilhão e tem conclusão prevista em 2034.
Além disso, há mais R$ 110 milhões de contrapartida do governo de Pernambuco.
As obras no local ainda não começaram.
O local escolhido pelo Exército já abriga o Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti, dentro na APA Beberibe/Aldeia e onde ficam cinco Unidades de Conservação de Proteção Integral.
Entidades produziram um dossiê e encaminharam à ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
Nele, ressaltam a troca de governo e solicitam que a pasta ajude na ideia de tentar mudar a área.
O Ministério do Meio Ambiente foi procurado durante a semana passada pela coluna, mas não retornou os pedidos de explicação sobre se vai ou não atuar pela causa.
Quem também está de olho na questão é o estado de Pernambuco.
O governo Raquel Lyra (PSDB) criou um grupo de trabalho por 180 dias para avaliar os termos do acordo assinado na gestão passada.
Procurado pelo UOL para comentar o projeto, o Comando Militar do Nordeste informou que realiza estudos ambientais desde o final de 2021.
O Exército diz ainda que realizou um inventário florestal e que tenta soluções de compensação ambiental junto a órgãos ambientais.
Há áreas alternativas para receber o empreendimento no estado, dizem entidades do Conselho Gestor da APA (Área de Proteção Ambiental).
Elas sugerem outra que também pertence ao Exército, com 200 hectares já desmatados em Araçoiaba, próxima ao local inicialmente planejado.
Outra área sugerida seria a do entorno da Arena Pernambuco.
Uma das maiores preocupações é que na APA está a bacia do rio Catucá, que abastece os mananciais do reservatório Botafogo.
O sistema de abastecimento público que já está deficitário e leva água a um milhão de pessoas na região.
As entidades também acionaram o MPF (Ministério Público Federal), que está com procedimento aberto apurando os eventuais danos ambientais do projeto.
O pedido dos ambientalistas foi divulgado pelo UOL.
Esse conteúdo foi otimizado com ajuda de IA