O deputado estadual Rodrigo Novaes, ex-secretário de Turismo de Paulo Câmara e cotado para assumir a segunda vaga para conselheiro do TCE, em votação na terça-feira na Alepe, confirmou o favoritismo e elegeu-se para a Corte de Contas.
O parlamentar recebeu 30 votos a favor e Joaquim Lira 18, e um voto nulo.
No final de semana, o governo Raquel colocou a máquina para moer e reduziu a diferença.
Eram estimados 36 votos.
A maior ironia no processo diz respeito aos temores dos conservadores.
Nas eleições, os aliados de Raquel Lyra afirmavam que Danilo Cabral, do PSB, não poderia vencer, entre outros motivos, porque ganharia o direito de indicar mais dois conselheiros ao TCE.
Ela se elegeu, mas não teve força política ou habilidade para encaminhar a sucessão na corte de contas, depois de ter um início de gestão conflituoso na Alepe.
Raquel entra para a história como a primeira governadora eleita de Pernambuco a não eleger NENHUM conselheiro do Tribunal de Contas do Estado no seu primeiro mandato.
O prefeito João Campos ajudou na eleição do aliado, indo até a Alepe conversar com os deputados.
Leia Também Álvaro Porto oferece almoço aos deputados em sua casa, em prol de Rodrigo Novaes e Eduardo Porto no TCE Desenho da disputa do TCE Em abril, o blog de Jamildo já havia relatado, com exclusividade, o “desenho” da disputa das duas vagas do TCE.
Na primeira vaga, de Teresa Duere, a governadora havia indicado a deputada estadual Débora Almeida, do seu partido, o PSDB.
Entretanto, existiam pelo menos dez “pré-candidatos” à vaga, entre deputados estaduais, ex-deputados estaduais e até um deputado federal, Guilherme Uchoa Jr, que desistiu esta semana, como Débora Almeida, atropelada.
Na segunda vaga, de Carlos Porto, já era consenso a indicação do filho do conselheiro, advogado Eduardo Porto, também sobrinho do presidente da Assembleia, Álvaro Porto.
Até agora ninguém se atreveu a disputar essa vaga, que acabou sendo a primeira a ser decidida, com a antecipação da aposentadoria do pai, no TCE.
Papel de Rodrigo Novaes na eleição de Álvaro Porto Com um sobrinho podendo virar conselheiro, os deputados observavam nos bastidores, que o natural seria o presidente da Casa, Álvaro Porto, fechar uma “chapa” para as duas vagas, elegendo Débora Almeida e o sobrinho.
No entanto, acordos anteriores, para viabilizar a eleição de Álvaro Porto para presidente da Assembleia Legislativa, acabaram se impondo.
O deputado estadual Rodrigo Novaes (PSB) era o candidato de Álvaro Porto.
Rodrigo Novaes foi fundamental para a eleição de Álvaro Porto, ajudando logo depois da eleição do ano passado a costurar apoios.
A gratidão existe porque o PSB havia eleito a maior bancada e Novaes aproximou o tucano do PSB.
Raquel Lyra estava de luto e quando voltou às atividades foi atropelada pelo consenso formado.
Segundo um deputado sob reserva, o apoio foi “costurado” com a eleição de Álvaro para presidente.
No meio deste cenário, Álvaro ainda protocolou uma nova resolução para deixar claro que a votação será “secreta”.
Ou seja, os deputados poderiam trair a vontade, na urna, os acordos feitos.
Leia Também Veja fotos do almoço de Álvaro Porto com deputados e confira quem foi ao evento; pauta foi eleição do TCE A relação entre a governadora Raquel Lyra e o deputado Álvaro Porto nunca foi de “mil maravilhas”, já anotavam fontes nos bastidores. É consenso que Raquel preferia o deputado Antônio Moraes (PP) como presidente da Assembleia. Álvaro se elegeu por articulação própria, independente da vontade de Raquel.
Daí Álvaro articulou até com a atual oposição, do PSB de Rodrigo Novaes.
Depois, sua candidatura se tornou imbatível “por gravidade” e foi candidato único.
Agora, aparentemente, dá as cartas com grande facilidade.
Renovação espiritual Antes da votação, Novaes esteve em busca de uma renovação pessoal.
Os amigos deputados contam que ele acaba de passar por um cursilho, para se tornar uma pessoa melhor.
O cursilho é um movimento católico de formação e espiritualidade, também conhecido como Movimento de cursilhos de Cristandade (MCC).
Foi fundado na Espanha em 1949 e tem como objetivo ajudar os participantes a crescerem na fé e desenvolver uma vida cristã mais profunda e significativa.
Os cursilhos costumam ser realizados em centros de formação ou em locais reservados para este fim.
Durante o retiro, os participantes participam de reflexões, meditações, orações e atividades em grupo, com o objetivo de aprofundar sua fé e desenvolver sua vida espiritual.
O cursilho é visto como uma oportunidade para as pessoas se conectarem com Deus e com outras pessoas que compartilham de sua fé, e crescerem juntos na jornada espiritual.
Antes da indicação para uma das vagas, Rodrigo Novaes acumulava desgastes com os parlamentares pela passagem no cargo.
Eles reclamava que ele não atendia os deputados e não cumpria acordo, além de ter invadido bases de colegas, em busca da reeleição para um novo mandato.
Era visto por alguns como uma pessoa arrogante, o que dificultava encaixar-se no figurino de um conselheiro do TCE, uma casa técnica mas que também exige articulação política com os prefeitos. “Deus está dando a Rodrigo uma nova chance de recomeço”, afirma um amigo.
Novaes teve o azar de ser o secretário de turismo bem no meio da pandemia, que afetou o turismo de viagens e negócios e a ocupação de hotéis em todo mundo.
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