Um fato ganha aderência na opinião pública digital quando engaja a audiência e cria uma onda de propagação em várias dimensões da Internet, não apenas no universo das redes sociais.

Esse é o fenômeno que deve ser observado nas últimas 24 horas em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo sem publicar em seus perfis oficiais no Twitter, Facebook e Instagram desde 16 de abril, não se sabe se por ausência do filho Carlos Bolsonaro no comando das suas redes ou por outro motivo, o presidente e seus aliados encontraram uma brecha na narrativa padrão e estão amplificando apenas um aspecto da história.

A ideia é dizer que o MPF inocentou o ex-presidente quando a PGR não concordou com o ministro Alexandre de Moraes na busca e apreensão na casa de Bolsonaro.

Esse ecossistema de informação digital, estimulado durante a administração do ex-presidente, e que conta com sites, influenciadores e blogs está trabalhando intensamente e de maneira unificada.

Ele não perde o foco e se concentra em uma única mensagem para ser amplificada.

Há vários termômetros desse fluxo no sentido contrário do que foi apresentado ontem pelas autoridades.

Desde os posts de maior propagação dentro do Facebook, passando pelas notícias que estão conseguindo maior amplitude digital com o compartilhamento das informações e o conteúdo publicado por deputados e senadores.

O melhor termômetro dessa estratégia diversionista é o que acontece no Google Brasil nas últimas 24 horas.

Como são consultas anônimas, mas que formam a opinião pública dentro da sua linha interesse, não há como rastrear o usuário que acessa a informação.

Das 25 buscas que registraram maior aumento nesse intervalo sobre Bolsonaro, cinco estão relacionadas ao contexto da PGR.

E os estados mais interessados no assunto são Rio de Janeiro, Minas Gerais, Piauí e o DF.

Outra consulta associada com o objetivo de comparar Bolsonaro com a época da Lava Jato traz a foto das malas com dinheiro encontradas no apartamento do ex-deputado Geddel Vieira Lima.

Quando se analisa o que aconteceu no Google nos últimos 90 dias sobre Bolsonaro, é possível verificar que ontem não foi o dia de maior interesse sobre o ex-presidente.

Esse pico ocorreu em 30 de março quando Bolsonaro voltou ao Brasil.

Nas redes sociais, a atuação dos deputados Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis, Carla Zambelli, Gustavo Gayer e do senador Magno Malta têm sido decisiva nessa propagação da narrativa.

Na Câmara dos Deputados, por exemplo, entre os 5.263 posts publicados entre ontem e hoje pelos parlamentares, os cinco de maior alcance (volume de interações) são em defesa de Bolsonaro e representaram 8,5% do volume total de interações (compartilhamentos, comentários, curtidas e retuítes).

O mesmo padrão se repete no Senado entre os 590 posts produzidos pelos senadores nas últimas 24 horas.