O Blog de Jamildo obteve, com exclusividade, o depoimento na Polícia Civil de Darília, a principal acusada e ex-empregada da COMPESA demitida por justa causa.

Darília prestou depoimento perante o delegado Diego Pinheiro Souza, no DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado).

A responsável pela folha de pagamento da COMPESA foi demitida, em 2022, pelos desvios, segundo o relatório do TCE.

Além do processo no TCE, a ex-empregada ainda responde a vários outros processos em outras instâncias, segundo o relatório do TCE.

Nesta quinta, o blog já havia revelado, em primeira mão, que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) confirmou um desvio milionário de recursos da folha de pagamento da estatal COMPESA, através de funcionários “fantasmas”, durante a gestão do governador Paulo Câmara (sem partido).

O dano total apontado pelo TCE ficou em R$ 1.408.259,94 até agora.

O DRACCO da Polícia Civil continua com as investigações.

A ex-empregada da COMPESA, que foi demitida por justa causa após a revelação dos desvios, agora diz que “agiu sozinha”.

A informação constou do julgamento no TCE. “Cabe destacar que a servidora confessou a prática dos atos, dizendo que agiu sozinha e realizou transferências para conta pessoal e para contas de pessoas de sua altíssima confiança, sob a alegação que tais valores seriam relacionados a uma indenização recebida da Compesa e de sua previdência”, informou o voto do conselheiro Valdecir Pascoal.

MÉTODO DOS DESVIOS No depoimento, a investigada apontou como fazia os desvios da folha. “Fazia modificações no arquivo TXT que ia para o Bradesco para fazer a folha de pagamento da COMPESA.

Alterou os dados de funcionários que estavam afastados da COMPESA”, informou a acusada.

O Bradesco é o banco que faz a folha de pagamento da COMPESA e de todo o Poder Executivo do Estado.

Com a leitura da auditoria, fica-se sabendo que a ex-servidora usava os nomes de funcionários aposentados para fraudar a inserção dos fantasmas na folha.

TRÊS LARANJAS PRINCIPAIS A acusada usou o nome de três conhecidos, para colocar no lugar de empregados afastados da COMPESA.

Maria Helena, uma das fantasmas, reside na mesma casa de Darília, a ex-empregada demitida da COMPESA.

Haroldo, outro fantasma, é pai do afilhado de Darília.

Ivania Regina, outra fantasma, foi apontada como muito amiga da investigada e sócia da investigada em uma lojinha de roupas.

Principal acusada, Darília insistiu com o delegado que estes três não sabiam do desvio de dinheiro público.

Segundo a acusada, os três achavam que o dinheiro era decorrente de “indenizações e da previdência” da própria investigada como funcionária da COMPESA.

Darília disse no depoimento da Polícia que estes três devolviam para ela todo o dinheiro logo após depositado e que não ficaram com nenhuma parte do dinheiro desviado.

SUPOSTO DESTINO DO DINHEIRO A principal acusada, demitida da COMPESA por justa causa depois da sindicância interna, ainda no governo Paulo Câmara, disse para a Polícia que não sabe o valor total que desviou da estatal.

Outra informação prestada por Darília ao delegado, no depoimento, foi que os desvios começaram supostamente em março de 2021.

Sobre o destino do dinheiro, a ex-empregada prestou uma informação “inusitada” ao delegado sobre a verba milionária. “Os valores que foram desviados a interrogada afirma que gastou com tratamento médico de lupus, ansiedade e depressão.

Afirma que do dinheiro desviado chegou a fazer alguns pagamentos da loja, como empréstimos”, diz o depoimento assinado pela acusada.

Ou seja, para a Polícia, a acusada disse que todo o dinheiro já “sumiu”, que não tem “mais nada”.

Risco de mais fraudes, segundo a auditoria do TCE “Ressalta-se que as irregularidades identificadas no presente trabalho, originaram-se a partir da metodologia aplicada, não afastando, portanto, a possibilidade de haver outras similares na folha de pagamento da Compesa, que poderão ser objeto de fiscalização em trabalhos futuros”, diz a auditoria especial.

QUALIFICAÇÃO DA ACUSADA Na sua qualificação para a Polícia, antes do início do depoimento, a acusada informou ser “católica”, “branca”, “solteira” e ter “nível superior completo”.

Atualmente, Darília tem 35 anos de idade.

Ela é contadora.

Reside na cidade de Paulista, no bairro da Aurora.

Depoimento da ex-funcionária na Polícia Civil - Reprodução Quem denunciou os desvios de recursos da folha de pagamento na Compesa?

A auditoria especial do TCE foi aberta a pedido do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE), por requerimento do procurador Cristiano Pimentel, que recebeu notícia da irregularidade.

Os auditores do TCE investigaram a denúncia do MPC-PE e concluíram pela procedência da mesma.

Quem denunciou os desvios de recursos da folha de pagamento na Compesa?

A auditoria especial foi aberta a pedido do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE), por requerimento do procurador Cristiano Pimentel, que recebeu notícia da irregularidade.

Os auditores do TCE investigaram a denúncia do MPC-PE e concluíram pela procedência da mesma.

Quais foram as irregularidades encontradas pelo TCE na auditoria especial? “Conforme exposto no tópico introdutório (item 1.1), repise-se que há um conjunto de processos instaurados, em diferentes órgãos públicos, relacionados a esta auditoria: 1) Processo de Sindicância Disciplinar da Compesa, instaurado em 15 de março de 2022; 2) Inquérito Policial nº 09909.8884.00006/2022-1.3, instaurado em 16 de março de 2022, na DRACCO - 2ª Delegacia de Combate à Corrupção; e 3) Processo Judicial nº 0045707-85.2022.8.17.2001 (Ação Civil de Improbidade Administrativa), redistribuído em 16 de maio de 2022 para a Seção A da 6ª Vara Cível da Capital”, informa o relatório oficial do TCE.

O julgamento final do TCE foi por condenar a ex-empregada a devolver mais de R$ 1,4 milhão para a conta-corrente da COMPESA.

O débito foi imputado solidariamente com três pessoas físicas “fantasmas” usadas pela ex-empregada para fraudar a estatal.

Quantos créditos bancários foram pagos indevidamente na folha de pagamento da Compesa?

No item 2.1.13, sobre inserção de dados falsos em sistema informatizado com o fim de obter vantagem indevida para outrem, a auditoria diz que “Identificou-se que então empregada pública (analista de gestão - contador) e, à época, ocupante da função de confiança de supervisora de serviços (folha de pagamento), por meio da inserção de dados falsos em sistema informatizado ou banco de dados da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), promoveu o pagamento de 80 (oitenta) créditos bancários indevidos em favor de (3) três pessoas físicas sem vínculo com a folha da Compesa, nos exercícios de 2021 e 2022, com consequente dano ao erário”