Uma pesquisa Atlas Intel encomendada pelo movimento cívico Avaaz revela que 78% das pessoas entrevistadas entendem que deveria haver uma lei que estabeleça regras claras para como as redes sociais devem funcionar no Brasil.
Além disso, 74% acreditam que a falta de regulamentação das redes sociais contribuiu para os recentes ataques em escolas em diferentes estados brasileiros.
O estudo quantitativo buscou demonstrar o impacto das redes sociais no bem-estar e na segurança dos brasileiros.
Foram ouvidos 1.600 respondentes, de forma online, em todas as regiões brasileiras entre os dias 15 e 17 de abril deste ano.
Segundo os dados levantados, 94% da população ouvida vê o ambiente das redes sociais como inseguro para crianças e adolescentes.
Os participantes favoráveis à regulação acreditam que a lei deve estabelecer normas para identificação de conteúdos violentos, garantia de privacidade dos usuários e proteção de crianças e adolescentes, dentre outros itens.
Entre os que não concordam com a medida, 37% votou nulo no primeiro turno das eleições de 2022.
Laura Moraes, diretora de Campanhas da Avaaz no Brasil, vê uma tendência, no momento em que Artur Lyra decidiu colocar o projeto em votação, nesta quarta. “Os brasileiros estão dando um recado claro para o Congresso Nacional: regular é proteger.
Proteger nossas crianças de massacres, nossas famílias de polarização, nossa democracia de ataques e nossa saúde de notícias falsas. É por uma regulação democrática e eficaz que parlamentares devem aprovar o projeto de Lei 2630/20 e o governo criar um órgão regulador.
A hora é agora”, afirmou.
Empresas de publicidade solicitam diálogo O IAB Brasil, entidade representante das empresas de publicidade digital, manifestou preocupação com o Projeto de Lei 2630/2020, em tramitação na Câmara dos Deputados. “Restringir a publicidade não é a única, nem a melhor maneira de tornar a internet um lugar mais seguro”, afirmou a associação, em comunicado à imprensa. “Nós estamos tendo acesso a textos extraoficiais que nos causam preocupações por trazerem definições sobre mídia programática, novas responsabilidades comerciais, regras para negócios e empresas estrangeiras, entre outros pontos que afetam a operação de muitos dos nossos associados e do mercado publicitário de forma geral”, diz um trecho do comunicado do IAB Brasil enviado à imprensa.
De acordo com a associação, o mercado de publicidade digital é maior do que algumas grandes empresas e tem sido pouco ouvido no debate do PL 2630/20. “Reconhecemos que os temas em discussão são de extrema importância.
No entanto, as formas de regulação propostas não consideram a diversidade de atores desse setor e podem acabar por criar mais problemas, ao invés de mitigá-los”, destacou.
O IAB Brasil defende que o debate sobre a regulação de publicidade e tecnologias deve ser democrático e incluir as empresas afetadas no bojo das discussões. “Acreditamos que o caminho ideal deveria incluir o mercado e sociedade civil no âmbito da Comissão Especial na Câmara dos Deputados, respeitando o devido rito de tramitação.
Não é possível debater temas de tamanha importância às pressas”, asseverou a entidade, ressaltando que está à disposição para contribuir com essa discussão.