O estudo “Demografia Médica no Brasil 2023” indica que o número de médicos cresceu fortemente no Brasil, nas últimas duas décadas, com média de 2,6 por mil habitantes, muito semelhante à média do Canadá e Estados Unidos.
Todavia, a distribuição entre os profissionais pelo país demonstra-se ainda desigual, com forte presença de médicos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
De acordo com o estudo, o Norte tem 1,45 médicos por mil habitantes e o Nordeste 1,93, ambos aquém da média nacional.
Com exceção da Paraíba, os demais 15 estados que compõem as duas regiões têm menos de 2,4 médicos por mil habitantes.
A região Sudeste, por sua vez, apresenta 3,39 médicos por mil habitantes, seguida da Centro-Oeste (3,10) e Sul (2,95).
A região Norte registra menos da metade da densidade de médicos do Sudeste.
O Acre (1,41), Amazonas (1,36), Maranhão (1,22) e Pará (1,18) registram as menores densidades do país.
Quando se trata de Região Metropolitana e interior dos estados que abrangem o Norte e o Nordeste, a realidade é ainda mais dramática: enquanto as capitais dos estados do Norte têm 3,16 médicos por 1.000 habitantes, a região metropolitana e o interior apresentam, respectivamente, 0,54 e 0,67.
Quando comparado ao Sudeste, as capitais concentram 6,64 médicos por 1.000 habitantes, enquanto as regiões metropolitanas contabilizam 1,51 e, o interior, 2,70. “Os números crescentes de médicos recém-formados e se especializando são animadores, mas é preocupante esse cenário de forte desigualdade com relação às distribuições de profissionais pelo país, em especial nas áreas mais afastadas dos centros urbanos.
Como é um problema recorrente, é preciso estimular políticas públicas para mitigar os vazios assistenciais e fortalecer o SUS”, revela Júlia De Castilho Lázaro, fundadora da Mitfokus, especializada em gestão financeira para empresas da área da saúde.
Experiência canadense Esse raio-x da densidade médica no Brasil comprova que, embora o país tenha elevado significativamente o número de médicos, o maior volume de profissionais não resolve o problema de saúde do país.
Faltam políticas públicas para atrair esses profissionais para as regiões desassistidas, principalmente pela pouca perspectiva em trabalhar em regiões mais distantes, sem transporte, unidades de saúde, medicamentos, entre outros. “Uma das medidas de enfrentamento do déficit seria se inspirar no Canadá, que realiza parceria com universidades para levar alunos e professores a regiões mais remotas para atividades de assistência e pesquisa.
Assim tanto a população quanto o ensino ganham com uma política permanente de interiorização dos profissionais garantindo maior cobertura aos que mais precisam”, encerra Júlia.
Incentivo para municípios mais vulneráveis Clodoaldo Magalhães (PV/PE), líder do PV na Câmara dos Deputados, participou na manhã desta segunda-feira (20) do lançamento do programa “Mais médicos para o Brasil”, no Palácio do Planalto.
O programa, que é uma releitura da política iniciada no governo Dilma, visa estimular a ida de profissionais para municípios mais afastados dos grandes centros urbanos.
As contratações serão feitas em parte por edital, para contemplar 5 mil vagas e as demais serão ofertadas em parceria com as prefeituras, prevendo uma contrapartida municipal.
Esta modalidade auxiliará os prefeitos a realizar reposições mais ágeis, com um custo menor para o erário local.
O investimento do Governo Federal para o programa é de R$ 712 milhões.
Para Clodoaldo, a nova versão do programa aprimora justamente pontos que garantem a permanência dos profissionais nas localidades, tornando-o ainda mais atrativo para os médicos. “A repaginação do mais médicos foi essencial.
Este modelo já foi testado e obteve muito sucesso.
Agora o programa apresenta inúmeras novidades como as novas alterações como bolsa de complementação para profissionais em licença-maternidade, estímulo para que sejam formados mais médicos com residência em saúde da família, bem como a ampliação do tempo dos contratos e do estímulo para atração de médicos do FIES”, comentou Clodoaldo.
Formado em Medicina e pós-graduado em Administração Hospitalar, o parlamentar iniciou sua vida pública em 2000, quando atuou como Secretário de Saúde de Sirinhaém.
Atualmente, Clodoaldo é membro titular da Comissão da Saúde da Câmara dos Deputados.
Para Clodoaldo, um dos aspectos mais relevantes do novo “Mais Médicos é o incentivo de fixação, que não era previsto anteriormente. “O incentivo para municípios mais vulneráveis é essencial para levar médicos para o interior de Pernambuco e regiões mais afastadas.
Para médicos formados por meio do FIES, os benefícios podem somar um adicional de até 80% da soma total das bolsas, que pode chegar até R$ 120 mil reais para os que permanecerem em 4 anos em áreas vulneráveis, o que pode impactar diretamente também no pagamento dos créditos estudantis e resultando em uma procura maior destes profissionais”, diz o líder do PV.