O partido Liberal, de Bolsonaro, espera que o investimento resulte na conquista de mais votos femininos, seja nas eleições de 2024 ou as eleições presidenciais de 2026.
Para além da aposta em uma forte campanha no dia 8 de março, o PL já anunciou que custeará uma turnê política de Michelle Bolsonaro pelo Brasil com o objetivo de expandir o alcance de seu programa para mulheres.
A agenda deverá enfocar o engajamento das mulheres na política, mulheres com deficiência e mães de pessoas com deficiência, as chamadas “mães raras”.
Atualmente, a ex-primeira-dama conta com 5,9 milhões de seguidores no Instagram, quase 1 milhão a mais do que possui Eduardo Bolsonaro, o mais popular dos filhos de Jair Bolsonaro na rede.
A empreitada pode estar relacionada com fundo eleitoral.
Em 2022, faltando quatro dias para as eleições, o partido havia usado apenas 23,46% de seus recursos para candidaturas femininas, quando o mínimo legal é 30%.
Contudo a legislação atual prevê que os votos recebidos por candidaturas de mulheres e pessoas negras contarão em dobro para a distribuição dos recursos do fundo partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha até 2030.
Regra que o PL parece ávido por cumprir. “Michelle Bolsonaro não reúne a experiência política institucional de Tarcísio e Zema.
No entanto está bem à frente de ambos em dois quesitos fundamentais para medir potencial político nos dias de hoje: capital digital e carisma”, afirma Camila Rocha, doutora em ciência política pela USP e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.
Hoje Michelle lidera o setor de mulheres do Partido Liberal, o PL Mulheres.
Para tanto, possui a seu dispor quase R$ 900 mil por mês, oriundos do fundo partidário, e conta com um salário de R$ 39,2 mil, o mesmo valor que receberia caso fosse deputada federal.
Voto cristão Qual a razão para o Partido Liberal lança seu próprio balão de ensaio Michelle Bolsonaro, enquanto o futuro do bolsonarismo vem sendo disputado publicamente pelos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo) ?
De acordo com a colunista, ao contrário do marido, Michelle tornou pública sua decisão de se vacinar contra a Covid nos Estados Unidos em 2021.
Além disso, o estilo empregado em suas intervenções públicas contrasta radicalmente com a beligerância do capitão reformado.
Em uma postagem recente, visualizada por mais de 4 milhões de pessoas e curtida por mais meio milhão, Michelle fala sobre o Carnaval utilizando a mesma linguagem do feminismo institucional.
Vestida com uma camiseta rosa, avisa: “O Carnaval é uma tradição de nosso país.
Todos os que gostam e desejam tem o direito de aproveitar as festas.
A segurança de todas as pessoas precisa ser garantida.
Se você for vítima de assédio, denuncie.
Você não está só.
Fiquem atentos ao tema deste ano: minha fantasia não é um convite.
Não é não”.
Ao mesmo tempo, Michelle também utiliza uma linguagem voltada para o público cristão.
Em um evento da campanha presidencial em Cascavel declara a uma multidão de pessoas vestidas de verde-e-amarelo: “Uma mulher sábia edifica seu lar, mas mulheres sábias edificam uma nação”, no que é secundada por um coro dos presentes que agitam balões com as cores nacionais. “A mistura das duas linguagens possui um objetivo claro, como afirma Cris Corrêa, escritora negra e influenciadora antifeminista: reunir mais mulheres do que o feminismo”, afirma Camila Rocha.