No último ano, a Rede de Observatórios da Segurança registrou 2.423 casos de violência contra a mulher.
A cada quatro horas ao menos uma mulher foi vítima de violência. É o que revela o boletim Elas Vivem.
A terceira edição do documento apresenta o monitoramento de sete estados: BA, CE, PE, SP, RJ e pela primeira vez, MA e PI.
Entre os casos registrados, 495 são feminicídios, ou seja, uma mulher morre por ser mulher a cada dia.
Segundo a entidade, trazer a tona esses números, que representam vidas de mães, irmãs, filhas, faz com que os governos possam criar políticas públicas para evitar essas violências e preservar vidas.
Afinal, muitos desses casos poderiam ter sido evitados pela quebra do ciclo da violência por meio de ações do Estado e do sistema de justiça.
Situação de Pernambuco no Nordeste Pernambuco é o segundo estado do Nordeste em registros de violência contra a mulher (225), com pelo menos um caso a cada dois dias.
O estado também passou a liderar os números de transfeminicídios - posição ocupada pelo Ceará nos últimos dois anos.
Segundo a pesquisadora da Rede em Pernambuco, Dália Celeste, essa condição se dá pela negligência do governo.
Houve um silenciamento e a omissão do governo em relação a criação de políticas públicas mesmo após a onda de ataques transfóbicos em 2021.
Corpos trans e travestis passam por um processo de desumanização e são vistos como corpos que não deveriam existir, o que alimenta os crimes de ódio”, afirma.
A maior parte dos registros nos sete estados tem como autor da violência companheiros e ex-companheiros das vítimas.
São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio.
As principais motivações são brigas e términos de relacionamento. “Para além da responsabilidade individual precisamos refletir sobre a responsabilidade do estado em tolerar que tantos feminicídios aconteçam.
Já foram assinados tratados e já avançamos em algumas direções, mas ainda se permite a impunidade.
E isso se dá ao não saber como esse crime acontece, não se fazer o devido registro, não qualificar juridicamente da maneira correta”, explica Edna Jatobá, coordenadora do observatório da segurança de Pernambuco. 15 dias e 12 mulheres assassinadas em Pernambuco “O Brasil continua sendo um dos países onde mais se matam mulheres no mundo.
Em Pernambuco, não é diferente: em 15 dias, temos a triste realidade de 12 mulheres assassinadas.
Não podemos ficar de braços cruzados.
Temos de trabalhar para sanar aonde estamos falhando, do contrário, as mulheres vão continuar morrendo”, diz a parlamentar Gleide Ângelo, fazendo referência a mais quatro feminismos que aconteceram no estado após o feriado do carnaval — nas cidades de Olinda, na região metropolitana, Pombos, na sonda da mata, Afogados da Ingazeira, no sertão, e Limoeiro, no agreste.
A deputada Delegada Gleide Ângelo desembarcou na capital federal, onde cumpre agenda administrativa com deputados federais, senadores e ministros do União.
Em pauta, a apresentação de projetos e programas em favor da igualdade de gênero e pelo enfrentamento da violência doméstica e familiar.
Ceará e Piaui As mulheres cearenses vivenciaram um aumento de casos de violência sexual.
O número quase dobrou, passando de 17 para 31 casos.
O Piauí registrou 48 casos de feminicídios.
No estado, os equipamentos de acolhimento se encontram na capital e deixam as mulheres de outras localidades desamparadas.
Já o Maranhão, é o segundo estado do Nordeste em agressões e tentativas de feminicídio.
Os maranhenses registram um caso de violência contra a mulher a cada54h.
O maior número de eventos foi registrado em São Paulo (898) - um a cada dez horas.
São casos como o da jovem sequestrada que teve o rosto tatuado com o nome do ex-companheiro ou da procuradora- geral espancada no local de trabalho.
Mas é a Bahia o estado com maior taxa de crescimento em relação ao último boletim, com uma variação de 58%, com ao menos um caso por dia.
Além de ser o primeiro em feminicídios do Nordeste com 91 registros. “Existe a necessidade de que todas as pessoas tenham um conhecimento social sobre essas questõespara que a gente possa transformar esses números que aumentam a cada ano”, explica a pesquisadora baiana Larissa Neves.
O Rio de Janeiro também apresentou uma alta significativa de 45% em um ano com casos de repercussão nacional no estado como o do estupro de uma parturiunte cometido pelo anestesista ou do chefe de investigações da delagacia da mulher acusado de agredir a ex companheira.
E, ainda, agressões políticas a mulheres durante a campanha eleitoral.
O Rio chegou a registrar ao menos um caso de violência contra a mulher a cada 17 horas e casos de violência sexual praticamentedobraram, passando de 39 para 75.
Foram 2423 casos registrados em 2022; 495 deles feminicídios BA apresentou aumento de 58% de casos e lidera os feminicídios no NE SP registra um caso de violência contra a mulher a cada dez horas RJ tem alta de 45% de casos e quase dobra números de estupros MA é o segundo do NE em agressões e tentativas de feminicídio PE só fica atrás da Bahia quando se trata de violência contra a mulher no NE CE deixa de liderar transfeminicídios, mas tem alta de casos de violência sexual PI registra 48 casos de feminicídios