O deputado federal Lucas Ramos, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, sertanejo, de Petrolina, portanto defensor de melhores condições de produção e qualidade de vida para o homem do interior, escreveu um artigo exclusivo para o Blog de Jamildo explicando que Pernambuco não precisa brigar com Ceará ou Piauí, para concluir uma ligação ferroviária até o porto de Suape.
O parlamentar, com elegância, explica o caminho para tirar o que resta do traçado do papel, cobrando da ANTT, no novo governo, ou ao Ministério dos Transportes, a revogação das travas impostas ao investidor privado que já se colocou à disposição para realizar os investimentos na via.
Excluir Pernambuco da expansão ferroviária é negar futuro ao nosso povo Por Lucas Ramos Integrar o Sertão ao Litoral por meio de trilhos é um dos maiores projetos de infraestrutura da história do Brasil.
A ferrovia Transnordestina começou a ser idealizada na época do Brasil-Império e ganhou forma de projeto na década de 80.
Já nessa época apontava que o Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, seria a grande conexão com os mares, sendo porta de entrada e de saída dos produtos transportados pelas locomotivas dia e noite. É impensável conceber qualquer projeto ferroviário para o Nordeste sem contar com Pernambuco no seu trajeto e sem ter Suape como ponto estratégico para concentração de cargas.
Mas é exatamente isso que estamos enfrentando agora.
O trecho Salgueiro-Suape foi excluído do traçado da Transnordestina.
Uma decisão tomada nas sombras, no apagar das luzes de um governo que não conseguiu provar à população que merecia ser reeleito.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que comanda a Transnordestina Logística S.A. (TLSA), empresa responsável pela construção e operação da ferrovia, assinaram um termo aditivo em 26 de dezembro de 2022 que, dentre diversos pontos, abandona o projeto em Pernambuco.
Pior: determina que, pelos próximos seis anos, nenhuma outra empresa ou investidor poderá assumir a obra e sua operação.
A quem serve excluir Pernambuco do desenvolvimento do Brasil?
O roteiro é ainda mais insólito quando sabemos que já existe um projeto para substituir o trecho Salgueiro-Suape: a Ferrovia do Sertão, um investimento de R$ 5,7 bilhões do Grupo Bemisa, que vai expandir o potencial logístico do empreendimento, concluindo a ferrovia e interligando a mineradora da organização em Curral Novo, no Piauí, até o futuro Terminal de Granéis Sólidos Minerais de Suape, operado por uma de suas subsidiárias.
Um pacote de ações que alcança R$ 10 bilhões em investimentos, quando somados os 717 quilômetros de trilhos, a adequação da mina e a construção e operação do Terminal.
Em nenhum momento estamos questionando a importância ou discutindo a interrupção ou atraso nas obras no trecho Eliseu Martins (PI) até o Porto de Pecém, no Ceará.
Nossa defesa é para que nosso Estado não seja alijado do direito de gerar novas oportunidades para sua população.
Infelizmente, assistimos um jogo de empurra, com diversos interlocutores tentando imputar culpa em gestões anteriores, ou acionando a Imprensa com notas oficiais rebuscadas, mas que não respondem a maior pergunta: por que Pernambuco foi excluído da rota de desenvolvimento do País?
A CSN e a ANTT foram acionadas na Justiça, onde precisarão esclarecer quais foram as informações técnicas que embasaram e justificam a exclusão do trecho Salgueiro-Suape e a imposição das travas jurídicas a novos investidores.
Mas não é necessário esperar.
Podemos e devemos resolver a questão com articulação política.
O Ministério dos Transportes tem o poder de determinar a revisão do termo aditivo.
Se era possível fazer essa movimentação ainda no governo de transição ou no revogaço do início do ano, continua factível agora.
Simplesmente não há sustentação técnica para atrelar as indenizações, compensações e repactuação de prazo do trecho que termina em Pecém à não autorização de novos concessionários para o trecho Salgueiro-Suape.
Nordeste e Brasil precisam de uma malha ferroviária robusta.
Precisam de uma Transnordestina até o Ceará e da Ferrovia do Sertão em Pernambuco.
Não podemos negar o futuro para o nosso povo.
O momento é de união para reconstruir o País e não de ampliar divisões.