Enquanto o Estado de Pernambuco dá sinais de recusar a possibilidade de tocar o Ramal da Transnordestina para Suape por meio de uma concessão privada, sem depender de recursos do Orçamento da União, alternativa adotada no governo Paulo Câmara depois de o então ministro da Integração Tarcísio de Freitas suspendeu o trecho pernambucano, em agosto de 2021, o Estado do Piauí pede pressa, por meio de seus interlocutores.

Leia Também PAULO CÂMARA rebate CSN: ‘Em 16 anos de ’trabalho’, só executou 35% da obra da TRANSNORDESTINA’ Governadores do NE querem rever mudanças no projeto da transnordestina sob Bolsonaro e retomar projeto original Terminal da Transnordestina em Suape vai gerar mais de 3 mil postos de trabalho Aliado próximo do ministro Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, o deputado Merlong Solano (PT-PI) afirmou, no Globo, neste domingo, que a obra facilitaria o escoamento de produção do agronegócio e de minério de ferro do estado e, por isso, há pressa para a conclusão de qualquer um dos ramais. “Temos que resolver o trecho até Pecém enquanto não se resolve Suape.

O Piauí quer os dois ramais funcionando, mas não se justifica paralisar um trecho para resolver o outro” afirmou.

Neste final de semana, a imprensa nacional acordou para a guerra entre os estados do Nordeste com o redesenho para a obra da Transnordestina.

O jornal o Globo entrou no assunto.

Não trouxe novidades, fatos novos, mas também chamou a atenção as críticas públicas que o Ceará fez a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.

No texto, o Diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) à época do lançamento do projeto da Transnordestina, o deputado José Airton (PT-CE), diz que cabe a Pernambuco “buscar uma relação profícua” com o governo federal para pleitear uma solução que contemple o estado. “Talvez a quebra de continuidade política esteja atrapalhando, mas esperamos que ela (Lyra) possa se integrar nessa relação harmônica” afirmou Airton.

Veja abaixo como o Globo historiou o cabo de guerra entre os Estados do Nordeste Região em que o presidente Lula elegeu governadores aliados em oito de seus nove estados, o Nordeste é palco de uma queda de braço neste início de mandato: de um lado está Pernambuco, único sob gestão de um partido de oposição; do outro, Piauí e Ceará, ambos governados por petistas e, portanto, com interlocução mais fácil com a União.

As arestas entre os estados envolvem a retomada da ferrovia Transnordestina, obra iniciada em 2006, na primeira passagem de Lula pela Presidência e paralisada há cinco anos.

O caso coloca um desafio ao Palácio do Planalto para conciliar projetos distintos que mobilizam o primeiro escalão do governo federal.

O plano apresentado aos governadores do Ceará, Elmano de Freitas (PT), de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), e do Piauí, Rafael Fonteles (PT), em reunião no início do mês com o ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, prevê o destravamento de um dos ramais da ferrovia, que se estenderá do sertão piauiense até o Porto do Pecém (CE).

No encontro, Góes buscou mobilizar o trio de governadores para pleitear um novo aporte da União à concessionária Transnordestina Logística (TLSA), responsável pela obra.

As tratativas não agradaram Raquel Lyra, única cujo partido não integra a base de Lula, e que pleiteia uma solução para o outro braço da ferrovia, previsto para desembocar no Porto de Suape (PE).

No fim de dezembro, nos últimos dias de transição da gestão Bolsonaro, a TLSA assinou um termo aditivo com o governo federal no qual formalizou a desistência de construir o trecho pernambucano.

Debate ampliado Embora integrantes do governo Lula tenham afirmado, na reunião, que o ramal de Suape segue nos planos, interlocutores do governo de Pernambuco avaliam que o cenário apresentado por ora atende apenas aos outros dois estados.

Ao GLOBO, Raquel Lyra afirmou que seguirá em negociações com o governo federal. — O que se apresentou foi a busca da solução para Pecém.

Eu digo que o formato completo da Transnordestina não pode sair do radar.

Não proponho disputa entre estados, mas sim o entendimento de que é um modal importante para todo o Nordeste — disse a governadora.

A estratégia do governo de Pernambuco envolve atrair para o debate lideranças de Alagoas, cujo governador, Paulo Dantas (MDB), é aliado do ministro dos Transportes, Renan Filho.

Embora sua pasta seja responsável pela obra da ferrovia, Renan não participou da reunião e foi representado por um secretário.

O plano original da Transnordestina previa a construção de outra ferrovia, numa licitação à parte, ligando o trecho pernambucano ao sul de Alagoas, o que atenderia diretamente redutos do ministro.

Outros integrantes do primeiro escalão do governo Lula com atuação política no Nordeste acompanham de perto a queda de braço.

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, participou da reunião com a pasta da Integração Nacional.

Ao GLOBO, Dias afirmou que foi convidado por ter familiaridade com o assunto, já que também dirigiu o Consórcio Nordeste, e disse que apresentou uma proposta de “capacitação de mão de obra com público do Bolsa Família/Cadastro Único, para oportunidades que vão surgir” pela retomada das obras.