Francisco Martins, engenheiro, consultor sênior, ex-Diretor de Planejamento e Diretor Presidente de Suape, e que há pouco mais de quatro anos foi o gestor do projeto da conexão ferroviária de Suape, disse que ficou indignado com a nota oficial da CSN, que controla a ferrovia Transnordestina.
Ele classificou a nota da CSN como “descarada” e escreveu um artigo exclusivo para o blog de Jamildo, comentando a polêmica criada no final do ano passado, no apagar das luzes do governo Bolsonaro.
O TREM DANADO Outubro de 1986 e eu estava embarcando na altura do Marco Zero no “Trem da Esperança” rumo a Palmares, como era chamado o comboio lotado de militantes da histórica campanha que levou Miguel Arraes a “voltar ao Palácio das Princesas e entrar pela porta que saiu”, como embalava o poeta e cantador Zetodo Pajeú.
Era esse mesmíssimo trem que Alceu Valença se inspirou e escreveu: Eu quero um tremEu preciso de um tremEu vou danado pra CatendeVou danado pra CatendeVou danado pra CatendeCom vontade de chegarE o sol é vermelho como um tição Se ia fácil, danado pra Catende, Barreiros, Garanhuns, Joao Pessoa, Natal, Patos, e tantas outras conexões.
Essa era a malha Nordeste da RFFSA.
Largada, maltratada, caiu, pra sua desgraça e dos nordestinos no escopo do contrato da concessão sem licitação que previa também unir Juazeiro/Petrolina a Suape.
A malha existente e moribunda, chamada de Malha I foi parar nas mãos de uma concessionária de papel (que hoje atende pela alcunha de Ferrovia Transnordestina Logística – FTL), depois, em 2013, da cisão do contrato de concessão onde o osso e o filé foram muito ardilosamente separados, mesmo com muxoxos do TCU e da ANTT.
Campanha do ex-governador Miguel Arraes, em 1986 - Banco de imagem O filé da malha nova (Malha II) ficou com a tal TLSA, lastreada na pompa e nos bilhões de Benjamin, que, como se liso fosse, recebeu a rodo recursos públicos de fundos diversos para, mal e porcamente, construir retalhos que ligavam nada a canto nenhum, que seriam manipulados segundo a sua conveniência.
O óbvio, que era partir do porto em direção ao (far)oeste, nem pensar.
Apesar dos pesares, Pernambuco assumiu como nenhum outro estado a tarefa de facilitar a vida desse povo, mesmo depois da invenção do “L invertido”, em direção ao que era uma praia deserta (referência ao porto de Pecém, no Ceará) quando o contrato foi assinado.
O Governo de Pernambuco, e somente ele, fiscalizou uma obra privada para assegurar a qualidade da ferrovia que atravessasse o Estado.
O resultado pode ser visto na qualidade das obras onde não houve fiscalização.
E a obra andou aqui como em nenhum outro lado, com as desapropriações voando baixo pela montagem de um QG pra “pegar no serviço”, como dizia Eduardo Campos.
Aqui, já na Zona da Mata Sul de Valença Leal, três ajustes de traçado livraram o sofrimento das enchentes (variante Serro Azul), os traumas de um trem que não parava ter de atravessar centros urbanos (variante das cidades), além de, já chegando a Suape, tirar um fino em um empreendimento de centenas de empregos (variante do Convida).
Isso tudo aprovado pela ANTT enquanto as obras estavam entaladas a centenas de quilômetros, no Sertão de Raimundo Carreiro.
Curiosamente, em 2019, a chibata da concessionária rangeu no lombo de quem estava no caminho dos trilhos onde nunca mais passaria um trem depois do desvio das áreas urbanas.
Aí a turma de Benja, com a cara mais lisa do mundo, botou a culpa de não retomar as obras dos trechos de Pernambuco na Igreja Católica, que saiu em justa defesa do povo desalojado e recebeu o devido rela do Arcebispo pra deixar de ser treloso.
Na prorrogação do segundo tempo, em dezembro passado, o TCU arregou e o Governo Já Sem Cabeça, para constrangimento dos técnicos da ANTT que escreveram um calhamaço sobre os malfeitos da concessão, assinou um termo aditivo tirando o Ramal Suape das obrigações do contrato.
Graças a Deus!
Agora basta não atrapalhar.
Graças à perseverança do Governo do Estado nos últimos anos agora já tem ferrovia autorizada até Suape e lá em Cocaia tem terminal de minérios arrendado por 30 anos.
E tem Luís Inácio, que, se brincar já andou no trem danado pra Garanhuns, que tem compromisso com Pernambuco e que ajudou tanto Suape a se tornar, de longe, o maior polo de desenvolvimento do Nordeste, e não vai permitir que Suape deixe de andar nos trilhos.
Assim, que se calem os incompetentes que há quase 30 anos, sem qualquer justificativa, enrolam a obra feito emboá, doidos para beberem de novo na fonte dos recursos públicos, com a conversinha de viabilizar o “L” que já nasceu troncho com os grãos do MATOPIBA que já saem por Itaqui.
Marminino…