No dia da eleição para mesa do Senado, o sucessor de Jarbas no Senado, Fernando Dueire, causou surpresa nacional ao declarar voto no candidato bolsonarista Rogério Marinho, que elegeu-se senador pelo Rio Grande do Norte mas havia sido ministro de Bolsonaro.
Leia Também Senador pernambucano surpreende ao definir voto no Senado O suplente de Jarbas Vasconcelos, Fernando Dueire, declarou voto em Marinho contrariando a orientação de seu partido, o MDB.
O voto esquisito também causou alguma surpresa porque Jarbas Vasconcelos militou na esquerda e foi eleito com a ajuda de Eduardo Campos e o PSB, pelo campo da esquerda.
Pois bem.
Ninguém entendeu, mas apareceu uma explicação no meio político, nesta terça-feira.
O site Metrópoles revelou que senadores pró-Marinho receberam verba nos últimos dias de Bolsonaro.
Senadores que votaram em Rogério Marinho, ex-ministro do Desenvolvimento Regional de Jair Bolsonaro, conseguiram milhões de reais em verbas “extras” sob gestão dos ministérios do Executivo na última semana de 2022, segundo levantamento da coluna de Guilherme Amado.
O senador afastado Jarbas Vasconcelos, do MDB de Pernambuco, por exemplo, emplacou R$ 15,6 milhões em indicações na última semana de 2022, dos quais R$ 15 milhões no Ministério do Desenvolvimento Regional.
O senador Eduardo Braga, líder do MDB, disse ao Metrópoles que o partido não teve acesso a quanto os senadores indicaram no final do ano e demonstrou surpresa com a indicação feita por Vasconcelos. “Agora está explicado por que um voto que a gente tinha acertado desapareceu da minha mão.
Não é fácil”, comentou.
Jarbas Vasconcelos e Dueire negaram a vinculação. “Vincular qualquer voto dado pelo senador Fernando – suplente de Jarbas que assumiu o cargo em 07 de dezembro de 2022 – a essa ou qualquer outra liberação de recursos, além de irresponsável, é desconhecer o histórico político e ético tanto dele quanto do senador licenciado Jarbas Vasconcelos”, em nota.
A defesa do voto de Dueire, no começo do mês “A democracia sobrevive dentro de um pêndulo sagrado de pesos e contrapesos.
O Senado Federal é a casa do equilíbrio federativo, portanto devemos colaborar para oferecer espaço ao contraditório evitando a concentração de poder unicamente nas mãos dos que já ocupam praticamente todas as plataformas de comando”, disse Duere,então. “Dessa forma, os princípios republicanos e de razoabilidade me fazem votar no Senador Rogério Marinho à presidência do Senado.
Essa é uma reflexão sólida e que tem a ver com o zelo na construção de um país verdadeiramente democrático, firme na contenção de supremacias e não subalterno a falsos clichês de ocasião, seja de que lado for”.
Humberto Costa e Teresa Leitão, ambos do PT, seguem a orientação do partido e votam em Rodrigo Pacheco.
Verbas do Orçamento secreto quando era ministro Na época das liberações, Rogério Marinho já era o candidato de Bolsonaro à presidência do Senado e buscava votos de seus colegas.
Parlamentares ouvidos pela coluna nacional relatam que Marinho ajudou a abrir portas no Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e em outras pastas para empenhar as verbas. “Como mostrou a coluna em janeiro, o governo Bolsonaro burlou o fim do orçamento secreto imposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e direcionou as indicações das “emendas de relator” para investimento sob controle dos ministérios, no qual houve uma liberação de R$ 6 bilhões no fim do ano”, informa Guilherme Amado.