O mandato coletivo que se chama Juntas Pretas é formado 100% por pessoas negras, de mulheres (cis e trans) negras e periféricas, e promete atuar na fiscalização das políticas públicas municipais, priorizando os direitos das mulheres, crianças, população LGBTQia+ e juventude negra.

Elaine Cristina e Debora Aguiar formam as Pretas Juntas, o primeiro mandato coletivo da história da capital pernambucana. “Somos a junção da força que só as mulheres mães desta cidade conhecem.

Nós, mulheres negras, vivemos o transporte público, o SUS, a educação, a assistência social, e por isso sabemos o que precisamos fazer para melhorar a vida das pessoas dessa cidade’’ disse Elaine Cristina, da tribuna da Câmara do Recife, no discurso de posse. “Por acreditar na democracia, temos o compromisso de trabalhar respeitando a todas e todos.

Gostaríamos de agradecer.

Agradecer muito!

Agradecer às que vieram antes de nós e tornaram possível estarmos aqui hoje.

Nós somos o legado de Marielle Franco que não será interrompido”, afirma Elaine Cristina, das Pretas Juntas.

As chamadas Pretas Juntas chegaram ao Legislativo da capital pernambucana de forma política inédita.

Nas eleições de 2020, Juntas (PSOL) conquistaram cerca de 3 mil votos e, agora, assumiram na Câmara Municipa, com a posse de Dani Portela (PSOL) como deputada estadual. “Nossa mandata seguirá no compromisso de defesa intransigente da democracia e da ampliação de direitos, em especial direitos das mulheres, crianças, jovens, população LGBTQIAP+, população com deficiência, população negra e indígena, e o povo das periferias”, afirmam.

Discurso político Elas ressaltam, no discurso político, que a Casa de José Mariano possui 39 cadeiras, com histórico de legislaturas em que predominam vereadores autodeclarados brancos. “Já a população do Recife é de 61% de pessoas autodeclaradas negras”. “Diante deste cenário e com objetivo de construir espaços de construção de estratégias por um futuro digno para quem vive na cidade do Recife, nasceu em 2019 a Coletiva Pretas Juntas.

No ano seguinte, o coletivo disputou eleição, ocupando a primeira suplência do PSOL”.

Quem são as Pretas Juntas Elaine Cristina da Silva Mulher negra e mãe, Elaine Cristina é moradora de Roda de Fogo, Zona Oeste do Recife.

Constrói o coletivo Mães Independentes que luta pela descriminalização da maconha, através do seu uso terapêutico e cultivo doméstico.

Elaine foi a segunda mulher no Nordeste a conseguir na Justiça o direito de plantar maconha e produzir o remédio à base da planta para tratar seu filho, João Pedro, que convive com hemimegalencefalia.

Debora Aguiar Mulher negra e mãe, Debora Aguiar nasceu na periferia do Recife.

Como militante, constrói o Coletivo de Mães Ranúsia Alves e a Renfa (Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas), ambos grupos que pautam as discussões sobre a política de drogas e seus desdobramentos, como o encarceramento e extermínio da juventude negra.

Ela é também articuladora social e educadora popular. É uma das fundadoras do coletivo Jardim Resistência, que atua no município de Jaboatão de Guararapes e no Recife.