O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), entidade que representa mais de 100 empresas - cujos faturamentos somados equivalem a quase 50% do PIB brasileiro -, repudiou a grave crise humanitária que vive o povo indígena Yanomami. “As atividades ilegais e criminosas que ocorrem dentro da reserva vêm impactando diretamente na forma de vida dos indígenas, que registram casos de malária e desnutrição severa em adultos e, principalmente, crianças”.

De acordo com a entidade, os Yanomami vivem há centenas de anos neste território, que se tornou a maior terra indígena em extensão territorial do Brasil.

Mas, após 30 anos da demarcação, a área passa pelo pior cenário de devastação socioambiental, com mortes e o avanço de atividades ilegais em uma reserva que deveria ser protegida.

Vale lembrar que os territórios indígenas são apontados por estudos como as áreas de maior preservação da Amazônia, protegendo uma grande área florestal do avanço do desmatamento. “Desde 2021, quando lançamos o Posicionamento do Setor Empresarial sobre a Amazônia, reforçamos a importância da atuação do poder público na aplicação da lei e no combate à ilegalidade de qualquer natureza na região amazônica, com planos nacionais e estaduais que reforçassem as ações de comando e controle e o fortalecimento dos órgãos fiscalizadores, com rápida responsabilização contra aqueles que praticam ilícitos”. “O quadro a que a sociedade brasileira foi apresentada nos últimos dias indica sérias violações aos direitos humanos desses povos, o que exige ação rápida para salvar vidas e evitar danos maiores”. “Além disso, vencer a crise humanitária que afeta o povo indígena é, além de urgente, necessário para a preservação da cultura dos povos originários, da floresta e também da imagem do Brasil perante o mundo.

Um país que pretende ser protagonista global não pode compactuar com o que ocorre na terra Yanomami, fruto da ação de criminosos e da ausência de ação do Estado brasileiro”.

O setor produtivo brasileiro reafirmou seu compromisso com um modelo produtivo que respeite a vida, as pessoas e o meio ambiente e ressalta a importância de promover o desenvolvimento sustentável para que o Brasil possa exercer seu papel de liderança na nova economia global.

Mais de 60 organizações repudiam a fala desumana do governador Antônio Denarium sobre o povo Yanomami As pastorais e os movimentos sociais de Roraima divulgaram nesta segunda-feira, 30, uma nota onde repudiam o “posicionamento na fala desumana e leviana” do governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), sobre o povo Yanomami, ao alegar que não existe desnutrição e que “… eles têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”.

O posicionamento do governador do estado de Roraima se deu em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, publicada em 30 de janeiro de 2023.

No documento as organizações signatárias à Nota, destacam que diante da crise humanitária, levando a morte de 570 crianças de diversas comunidades impactadas diretamente pela prática de garimpo ilegal, “Denarium sancionou duas Leis em apoio ao garimpo em Roraima, em meio ao avanço na piora da saúde Yanomami, portanto, é responsável por essa crise humanitária. É responsável pelo genocídio Yanomami!”.

Os comentários são extremamente racistas, preconceituosos e desumanos, além de ser “uma falta de respeito e sensibilidade neste momento em que várias vítimas Yanomami estão morrendo por malária, desnutrição aguda entre outras doenças que poderiam ter sido evitadas”.

Tal posição se torna ainda mais grave diante da situação em que se encontram os povos indígenas de Roraima, em especial dos Yanomami.

Na oportunidade, também denunciam Denaruin e o ex-presidente Jair Bolsonaro, por violarem a Constituição Federal Brasileira e os direitos humanos.

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) e a Hutukara Associação Yanomami (HAY), ainda nesta segunda-feira, 30 de janeiro, também se posicionaram denunciando e repudiando a fala do governador Denarium à Folha de São Paulo.