Sem alarde, o coronel dos Bombeiros Cássio Sinomar Queiroz de Santana foi mais um dos servidores atingidos pelo decreto da nova governadora Raquel Lyra (PSDB) sobre revogação de cessões de servidores estaduais.
O militar estava cedido à Prefeitura do Recife, para exercer o cargo de secretário de Defesa Civil do Recife.
O coronel, contudo, não teve que retornar ao Governo do Estado, pois o prefeito João Campos (PSB) oficiou solicitando a renovação da cessão do militar para a Prefeitura.
O Governo do Estado já publicou ato no Diário Oficial, autorizando a renovação da cessão de Cássio Sinomar Queiroz de Santana.
ACUSADO PELO MPF Segundo matéria da Folha de São Paulo, publicada em junho de 2022, o secretário executivo de Defesa Civil do Recife, Cássio Sinomar Queiroz de Santana, é réu por acusação de supostas fraudes em verbas destinadas a cidades atingidas pelas enchentes de 2010.
Segundo o jornal paulista, Sinomar responde a dois processos na Justiça Federal relacionados à Operação Torrentes, iniciada em 2017 pela Polícia Federal para apurar irregularidades na aplicação de recursos públicos pelo estado.
Cássio Sinomar é coronel do Corpo de Bombeiros de Pernambuco.
No período dos supostos desvios, ele atuava como coordenador da Defesa Civil estadual e na Casa Militar do governo Eduardo Campos (PSB).
Sinomar foi para a Defesa Civil da Prefeitura do Recife em 2014, nomeado pelo então prefeito Geraldo Julio (PSB).
Seguiu na função na atual gestão de João Campos (PSB).
Segundo apurações da Operação Torrentes, os agentes públicos teriam desviado parte dos recursos por meio de fraudes em licitações, prática de sobrepreço, celebração de aditivos irregulares, pagamento por produtos não recebidos e serviços não prestados, entre outras irregularidades.
Em uma das denúncias feitas pelo MPF (Ministério Público Federal) que citam Cássio Sinomar, os investigadores afirmam que as fraudes envolveram oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, bem como empresários favorecidos em licitações e contratos em troca de vantagens indevidas. “Foram identificados ajustes para fraudar a competitividade nos processos licitatórios e dispensa indevida de licitação para favorecimento da empresa RJ Comércio de Eletrodomésticos Ltda, além de reajuste indevido de preço e pagamentos irregulares antes do fornecimento da mercadoria”, disse o MPF, na época.
Segundo a denúncia, houve conluio entre a Casa Militar e empresários com o objetivo de viabilizar as fraudes.
Em outro processo, Cássio foi um dos 14 denunciados pelo Ministério Público por supostas fraudes que chegariam a R$ 1,9 milhão -em valores atualizados para 2019, quando foi feita a denúncia.
Neste segundo processo, são apontadas possíveis fraudes para locação de embarcações destinadas ao transporte de pessoas pelo rio Una, que corta a Zona da Mata Sul pernambucana, de novembro de 2010 a setembro de 2013.
TRAGÉDIA Jardim Monte Verde foi a localidade com o maior número de mortes - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM Entre as funções atuais da Defesa Civil do Recife, comandada atualmente por Cássio Sinomar, está o desenvolvimento de ações preventivas com o objetivo de evitar ou minimizar acidentes em situações de calamidades.
A reportagem da Folha de São Paulo procurou Cássio Sinomar na época, mas ele não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens.
Por meio de nota, a defesa dele afirmou na época que “durante toda sua vida [o coronel Cássio Sinomar] nunca se envolveu em nenhum fato que desabonasse sua conduta, nem na vida pessoal, nem profissional”.
Os advogados também afirmaram que “as acusações contra ele são totalmente infundadas” e que têm “certeza que ao final do processo a justiça prevalecerá com a comprovação de sua inocência”.
Por meio de nota, a Prefeitura do Recife disse que “entende que a carreira pública de 25 anos do secretário executivo “é pautada pelo compromisso com a população e amparada pela seriedade em sua atuação ética”.
A administração municipal também disse confiar na inocência de Sinomar. “A devida apuração dos fatos concluirá, respeitado o direito de ampla defesa, que seus atos foram praticados de acordo com a lei”, disse a nota da Prefeitura, na época.