Em artigo, Márcio Coimbra fala em reconstrução.

Márcio Coimbra é Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília.

Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007).

Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.

Vale a pena a leitura, abaixo.

O Brasil passará por um momento de reconstrução.

Muito além das usuais preferências políticas de cada cidadão, é importante lembrar que o êxito do governo que se inicia confunde-se com o sucesso de nosso país.

Passado o processo eleitoral, é momento de cicatrizar as feridas e olhar adiante, de um lado, torcendo por um governo de resultados positivos e, de outro, por uma oposição responsável e propositiva.

Fato é que a população brasileira fez uma opção clara nas urnas pelo retorno de um modelo antagônico ao governo anterior.

Além disso, o povo fez uma escolha por um estilo de liderança diferente, menos beligerante e mais convergente.

O caminho e os sinais vindos das urnas mostraram que o país deseja deixar o tom de enfrentamento e partir para a reconstrução, como projeta o novo governo.

Esta reconstrução passa pela retomada de projetos interrompidos, novos caminhos e diálogo, tanto com a sociedade civil, como com a classe política.

Esta correção de rumos certamente inclui interrupção de ações, retomada de outras e elaboração de caminhos que podem ajudar a construir a escolha realizada pela população por meio do voto.

Algo que ficou explícito no conjunto de decretos firmados por Lula na posse.

Entende-se que o cartão de visita da nova gestão na retomada internacional é a agenda ambiental.

Além da comissão interministerial permanente de prevenção e controle do desmatamento, restabeleceu-se o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), criado em 2004 pela então ministra Marina Silva e que foi responsável por uma queda de 86% no desmatamento da Amazônia entre 2004 e 2012.

O governo foi além e cumpriu a promessa feita na Conferência da ONU sobre o Clima de restabelecer o Fundo da Amazônia.

Alemanha e Noruega irão se engajar novamente e retomar repasses para o fundo, com um primeiro depósito simbólico de 35 milhões de euros da Alemanha para o uso imediato pelo novo Ministério do Meio Ambiente.

Outro despacho importante foi a revisão do decreto sobre o Conselho Nacional do Meio Ambiente, que existe desde 1981 e tem o objetivo de garantir participação da sociedade civil em decisões relacionadas ao meio ambiente, mas que havia sofrido esvaziamento com Bolsonaro.

Lula retomou o poder do Conama com o objetivo de garantir sua ampla participação na definição das políticas públicas ambientais do Brasil.

Além disso, pode se destacar também a medida com enorme impacto internacional é o novo decreto que retoma a ação efetiva do governo nas multas ambientais.

No governo Bolsonaro, 93% das multas por crimes ambientais na Amazônia não foram pagas.

Além disso, foi revogado o decreto que permitia garimpo em áreas indígenas e de proteção ambiental.

Estas primeiras medidas na área ambiental, somadas a outras na área da saúde, como a extinção da Funasa, criação de uma política de atendimento às pessoas com sintomas pós-Covid e ações para reverter as baixas coberturas vacinais são exemplos de um pacote de reformas que chega para reorientar e reconstruir o país.

Com estas ações vemos uma clara reorientação das políticas públicas brasileiras com enorme impacto da imagem do país no exterior.

Um movimento de profunda mudança. É momento de olhar adiante, com moderação, responsabilidade e cooperação.