Na próxima sexta-feira, o governador Paulo Câmara vai reunir no Palácio do Campo das Princesas a comunidade empresarial de Suape para apresentar boas novas, no apagar das luzes do governo do PSB.

Após dez meses de negociação, a administração estadual fechou um acordo judicial histórico para concluir uma mega licitação, aberta em 2011 para o aprofundamento do canal de aproximação do porto e não concluída desde o governo Eduardo Campos.

O acordo com a empresa holandesa de dragagem Royal Van Oord foi fechado na segunda-feira passada, sem alarde, pelo diretor presidente de Suape, Roberto Gusmão, em seu último ato de gestão.

Roberto Gusmão revela ao Blog de Jamildo que a condição para o fechamento do acordo internacional foi que a empresa zerasse as ações movidas no exterior, enquanto o Estado aceitava pagar o valor histórico com deságio.

A presidente Dilma ao lado do governado Eduardo Campos em Suape, em 2014.

Ele se lançou candidato a presidente e ela não gostou.

No meio da confusão, Suape sofreu - Clemilson Campos/JC Imagem A empresa zerava o processo e ganhava o direito de concluir a obra, realizando a dragagem dos seis quilômetros do canal de acesso, para 20 metreos em toda sua extensão.

Com rochas em alguns pontos do meio do caminho de aproximação, o calado oficial é de 15,8 metros oficialmente.

O projeto executivo da obra foi atualizado no início do ano.

Para finalizar a obra, o custo estimado foi de R$ 145 milhões.

Cobrança internacional Obviamente, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil estava cobrando uma solução.

A dívida com o Clube de Paris atrapalhava o sonho de Paulo Guedes de entrar no mercado comum europeu. “A Secretaria Nacional de Portos vinha cobrando ao governo de Pernambuco”, rememora o presidente de Suape.

O curioso é que a secretaria cobrava o valor integral dos R$ 70 milhões, embora Dilma não tivesse chegado a cumprir todos os compromissos assumidos na época.

Com a situação, o rolo somava cerca de R$ 782 milhões, se considerados ainda o valor histórico do seguro internacional (R$ 565 milhões) e a atualização do custo da obra (R$ 145 milhões).

Com o acordo extrajudicial, o passivo histórico de quase R$ 800 milhões foi reduzido para R$ 480 milhões, sendo R$ 145 do custo da obra e R$ 340 milhões para quitar a dívida com os países baixos. “A empresa vai trazer tecnologia nova, que não existia na época, e farão a obra por conta e risco deles”, observa Roberto Gusmão.

Para resolver o imbróglio, o governo do Estado teve que enviar um aumento de capital de R$ 380 milhões para a secretaria de Desenvolvimento Econômico, de modo que Suape pudesse fazer a operação com recursos próprios.

Paulo Câmara retira R$ 155 milhões da ampliação do abastecimento de água da COMPESA e repassa para Secretaria de Geraldo Júlio Efeito na refinaria de Abreu e Lima e outros projetos “Não vai mais ter esta desculpa de não fazer a refinaria (por não ter calado para grande navios).

Suape poderá garantir um projeto de um bilhão de dólares, que vai quase que dobrar a movimentação de Suape”, afirma Gusmão.

Além da histórica refinaria, o aprofundamento do calado beneficia ainda outros dois projetos em curso.

Um deles é o terminal de minérios da Bemisa, que vai viabilizar a nova ferrovia para Suape.

O outro é o novo terminal de contêineres da Maersk, em Suape, que vai ser instalado em uma área do estaleiro e vai movimentar grande navios, que exigem uma profundidade maior dos que os atuais 15,8 metros.

Não se sabia, mas a resolução do problema foi um dos compromissos assumidos para a atração do empreendimento.

Não por outro motivo, foram convidados para o evento no palácio a empresa de minérios de Minas Gerais, o pessoal da Maersk, a empresa de dragagem e a representação do governo dos países baixos.

Imagina-se que a Petrobras não esteja presente porque estado e união são inimigos, com Bolsonaro e Paulo Câmara.

Com a chegada de Raquel Lyra e Lula, a sitação tende a mudar.

Obras deve levar cinco meses Roberto Gusmão conta que a empresa internacional terá cinco meses para concluir a obra. “A CPRH já deu a licença para a obra e ela deve começar este ano ainda”, diz. “Com a conclusão da dragagem do canal de aproximação, Suape terá o maior calado entre os portos do Nordeste e poderá receber navios de grande porte, como porto concentrador de cargas e não apenas como exportador, como o porto de Itaqui (25 metros de calado)” Briga de Eduardo Campos e Dilma A obra do canal de aproximação de Suape começou em 2011 e parou em maio de 2013, quando Eduardo Campos já havia começado a brigar com Dilma, antes de se lançar candidato a presidente em 2014.

Roberto Gusmão conta que, quando da parada, cerca de 85% das obras estavam realizadas, restando pouco, embora os R$ 15 restantes fossem justamente a parte mais complicada, os esbarros de pedra no leito do mar. É esse nó que vai ser atacado uma década depois. “O governo havia assumido lá atras o compromisso com a refinaria para ter um calado de 20 metros, de modo que os grandes petroleiros possam chegar ao porto e haver o abastecimento de 230 mil barris por dia”, rememora Roberto Gusmão.

Não por acaso, parte dos recursos iniciais veio da antecipação de receitas pagas pela Petrobras ao porto, em tarifas portuárias que a refinaria seria cobrada em suas operações.

Além destas, o Estado entrava com contrapartidas e o governo Dilma com a terceira parte, via Secretaria Especial de Portos.

No começo de outubro, o acordo com a empresa internacional chegou a ser estimado em R$ 400 milhões, mas os valores foram atualizados.