Servindo de esquenta para os debates televisivos da reta final da campanha, o debate da Fiepe, nesta terça-feira, permitiu que as duas candidatas que passaram para o segundo turno pudessem falar mais de projetos e se comprometer com pautas relacionadas ao desenvolvimento do Estado.
Havia uma expectativa grande, em especial, em torno de Marília Arraes, que não havia aparecido nos debates de primeiro turno.
Uma boa parte do programa, dividido em quatro blocos, foi gasto com a nacionalização da campanha, em especial proposto por Marília Arraes, que buscava jogar a adversária no colo de Bolsonaro.
Nas respostas, Raquel Lyra lembrava o apoio do PSB para a adversária, citando sempre Paulo Câmara como aliado de Marília.
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES. - RENATO RAMOS/JC IMAGEM As duas candidatas se comprometeram com temas importantes, como a conclusão da Transnordestina e também a construção do arco metropolitano.
O projeto se arrasta desde os tempos de Eduardo Campos, chegou a ser promessa de Dilma até se perder em lançamento de licitações e recuos.
Neste tema do arco, como outros de infraestrutura, o curioso era notar que Marília Arraes sempre citava Lula, como necessária a ajuda do governo do Estado para tirar obras do papel.
Ela aposta em Lula para reverter a vantagem que a tucana obteve na virada do primeiro para o segundo turno.
O nome mais citado no debate acabou sendo Paulo Câmara, que não estava presente.
O governo do Estado não comentou, mas ao menos um secretário de Paulo Câmara se declarou surpreso com as críticas de Marília Arraes, uma vez que o PSB subiu no palanque dela.
Ao falar de segurança pública, por exemplo, Raquel Lyra disse que o Pacto pela Vida havia morrido e Marília aproveitou para chamar Paulo Câmara de gerente, como Raquel, na sua avaliação.
Marília Arraes disse que nunca trocou cinco minutos de conversa com Paulo Câmara e fez uma acusação grave.
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES. - RENATO RAMOS/JC IMAGEM “Ele fala o que quiser, mas está acordado com vocês, para prejudicar nossa campanha”.
Os ataques políticos, muitas vezes, se sobressaíram aos temas técnicos.
Marília Arraes chegou a chamar Raquel de “Diana do Pastoril”, em uma alusão à posição de neutralidade, que busca os votos dos lulistas e bolsonaristas.
Raquel respondeu que não iria ser conivente com a polarização e mantinha a posição de não fazer campanha nem para um nem para outro.
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES.
NA FOTO RAQUEL LIRA - RENATO RAMOS/JC IMAGEM Em dado momento, ao tentar embatucar Raquel Lyra citando os vídeos das venezuelanas, comentado por Bolsonaro, a candidata Marília Arraes sugeriu que ela não havia demonstrado solidariedade ou comentado.
Na resposta, a tucana voltou no tempo e citou que abandonou o secretaria de juventude porque não pode tomar conta da Funase, então entregue ao PP, com Ana Célia Cabral. “Hoje quem Ana Célia Cabral apoia?
Está no palanque de vocês”.
As duas se acusaram mutuamente de serem propagadoras de fake news, tendo Raquel Lyra até mesmo citado o nome do aliado de Marília Arraes que foi objeto de representação no TRE.
Marília Arraes disse que não conhecia, que ignorava quem era o acusado.
Em um momento de chateação, Marília Arraes reclamou da plateia que estava se manifestando a favor de Raquel Lyra, em determinado momento. “Se soubesse, eu teria trazido claque”.
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES. - RENATO RAMOS/JC IMAGEM A manifestação ocorreu logo depois de uma fala mais dura de Raquel Lyra, explicando o que seria a origem da desavença no clã Campos Arraes: “(Tudo começou quando) Eduardo Campos não deixou ela sair candidata a deputada federal”, afirmou.
A rigor, os desentendimentos começaram bem antes, quando Eduardo Campos tirou Marília Arraes do comando da Juventude Socialista e colocou João Campos, simbolizando como a banda iria tocar.
Em outro trecho digno de registro, Marília Arraes disse que era respeitada nacionalmente e ouviu da adversária tucana que, na campanha, Teresa leitão, do PT, eleita agora senadora, mas em 2020 aliada dela no Recife, havia dito que ela seria um retrocesso.
O quarto bloco foi o mais dinâmico porque exigiu respostas curtas para temas objetivos.
Nesta hora, as duas concordaram em realizar, por exemplo, uma reforma administrativa.
Marília Arraes prometeu apresentar um plano ainda na fase de transição.
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES.
NA FOTO RAQUEL LIRA - RENATO RAMOS/JC IMAGEM Marília e Raquel também prometeram levar o gás natural encanado até o sertão, como incentivo para redução de custos na indústria.
Os empresários pediram menos burocracia e perguntaram se era possível a obtenção de certidões na Junta Comercial em 120 dias.
Marília não apenas concordou, como prometeu 60 dias.
Raquel então acusou a adversária de prometer sem saber se poderia cumprir.
Ambas prometeram um melhor ambiente de negócios. “Empresário não é bandido e não pode ser tratado assim”, falou Marília Arraes.
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES. - RENATO RAMOS/JC IMAGEM Quando trataram de parcerias com o governo federal, Raquel Lyra disse que já havia feito, como prefeita de Caruaru. “Vamos unir o Estado, governar para todos”, ironizou, antes de ser objeto de ironia ela mesma. “Política tem que ter lado, não é tanto faz (Lula ou Bolsonaro)”, afirmou Marília Arraes. “Nunca disse tanto faz”, respondeu mais na frente Raquel.
As duas se comprometeram a reduzir tarifas em Suape, bem como elevar os investimentos públicos no Estado.
Marília Arraes chegou a afirmar que iria chamar a iniciativa privada para atrair investimentos para Pernambuco.
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES. - RENATO RAMOS/JC IMAGEM MARÍLIA ARRAES e RAQUEL LYRA participam de DEBATE da FIEPE